Edição Jan-Fev 2025 Publicado em: 18 dezembro 2024 | 11:25h

Férias: hora de atualizar consultas, exames de rotina e vacinas das crianças

Médica da SBPC/ML explica quais exames de rotina são indicados para cada fase da infância

“Em pediatria as palavras de ordem são prevenção e promoção de saúde, que devem iniciar na vida intrauterina. Por isso, é tão importante o pré-natal bem acompanhado, com realização de todas as consultas e exames recomendados e eventuais tratamentos na futura mamãe”, enfatiza Dra. Natasha Slhessarenko, pediatra e patologista clínica da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). 

 

“Os cuidados continuam na assistência no parto, no incentivo ao aleitamento materno e acompanhamento das crianças ao longo da infância e adolescência, nas consultas periódicas da puericultura. Tão importante quanto a prevenção e a promoção da saúde é a continuidade do cuidado abrangente da saúde e evitar a fragmentação do cuidado”, completa Slhessarenko. 

 

Neste contexto, já nos primeiros dias de vida, os bebês fazem o Teste do Pezinho que tem por objetivo apontar o diagnóstico precoce de doenças que podem ser muito graves, doenças que não apresentam sintomas no nascimento e que, se não forem tratadas desde cedo, podem causar danos sérios e, muitas vezes, irreversíveis à saúde. 

 

Crianças e adolescentes que estão se desenvolvendo dentro dos parâmetros adequados, com boa alimentação, tomando as medicações profiláticas, como Ferro e Vitamina D, para a faixa etária e com vacinação em dia, a princípio, podem fazer poucos exames laboratoriais de rotina. Segundo a médica, é na consulta de puericultura, área dedicada à saúde da criança e do adolescente na pediatria, que são verificadas todas essas questões e se avalia a necessidade dos exames complementares. 

 

A solicitação de exames laboratoriais como hemograma, que avalia a presença de anemia, ferritina, capacidade total e latente de fixação do ferro (CLLF e CTLF), índice de saturação de transferrina (IST) e ferro sérico, que avaliam o metabolismo do ferro, são exames que podem ser importantes, mesmo na ausência de sinais e sintomas de anemia. As crianças menores de 5 anos, bem como as meninas adolescentes, que já menstruam, são populações de risco para o desenvolvimento de anemia ferropriva. A anemia representa o estágio final da carência de ferro. Os agravos relacionados a falta de ferro, como a deficiência do sistema imune e o comprometimento cognitivo, já podem ocorrer mesmo antes que a condição se instale. Por isso, a necessidade de realizar esses testes nos períodos de maior vulnerabilidade. 

 

Já aos dez anos, a Sociedade Brasileira de Cardiologia Pediátrica e a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam que seja dosado o perfil lipídico em crianças que tenham história familiar de infarto agudo do miocárdio (IAM); acidente vascular cerebral (AVC) e doença arterial periférica em homens abaixo de 55 anos e mulheres abaixo de 65 anos; história familiar de hipercolesterolemia (colesterol total > 240mg/dl). É recomendável também medir em crianças com história familiar desconhecida, mas, com outros fatores de risco cardiovascular como hipertensão, diabetes mellitus, tabagismo passivo ou obesidade. Nesses casos, a dosagem do perfil lipídico deve ser feita a partir dos 2 anos de idade. “Cada caso é individual, no entanto, crianças com esse histórico familiar devem desde sempre realizar testes para garantir a prevenção dessas condições”, explica. 

 

Outros exames que auxiliam o pediatra são: exame simples de urina e exame de fezes. O exame de urina fornece informações relevantes da saúde dos rins e o de fezes permite o diagnóstico assertivo das parasitoses intestinais. 

 

Na faixa etária a partir dos 12 anos, segundo a AAP, os exames de rotina que devem ser solicitados são, o hemograma, as sorologias para hepatite B e C na adolescência, bem como o anti-HIV. Slhessarenko enfatiza a importância da prevenção, principalmente por meio da proteção vacinal. 

 

A médica chama atenção também para a dengue, cujo aumento de casos geralmente ocorre no período de dezembro a fevereiro. “Os genitores devem estar atentos para a prevenção dessa doença. Além da recomendação de eliminar os criadouros, orientamos que crianças a partir de 4 anos, tomem a vacina. Na rede pública, a vacina da dengue está liberada para adolescentes de 10 a 14 anos", enfatiza a pediatra. 

 

Ainda de acordo com ela, o momento de férias pode servir para as famílias aproveitarem e verificarem se o cartão de vacinas, de todos os membros, está atualizado. “As vacinas, são uma das maiores conquistas da medicina, e representam uma ferramenta extraordinária para prevenção de doenças”, destaca. 

 

E quando, de fato, a criança precisa realizar exames laboratoriais, além da rotina?

 

A pediatra e patologista clínica da SBPC/ML diz que eles são imprescindíveis quando há uma queixa ou se o pediatra detectar alguma anormalidade ao exame físico. Outro caso para a recomendação de exames fora da rotina é quando a criança apresenta obesidade. “Crianças e adolescentes obesos, que hoje representam um grande contingente, devem fazer exames de hemograma, TGO, TGP, ureia, creatinina, glicemia, hemoglobina glicada, colesterol total e frações, triglicérides, insulina, cortisol sérico e urinário, ácido úrico, PCR, TSH, T4 livre, ferritina, IGF1, IGFBP3, ferritina e 25 OH vitamina D para que se tenha uma boa visão desta condição”, finaliza Slhessarenko.