Edição Jul-Ago 2025
Relatório da ONU alerta para aumento global do consumo de drogas e reforça importância dos exames toxicológicos no Brasil
O novo Relatório Mundial sobre Drogas divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) revela um cenário preocupante: o consumo de drogas ilícitas segue em crescimento em todo o mundo, com impactos diretos na saúde pública, na segurança e na economia. O Brasil, assim como outros países, enfrenta o desafio de conter esse avanço e proteger especialmente a população mais jovem.
Para Alvaro Pulchinelli Jr., toxicologista, patologista clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), é fundamental investir em estratégias de prevenção e fiscalização, entre elas, os exames toxicológicos de larga escala.
“O exame toxicológico é uma ferramenta essencial para desencorajar o consumo de drogas, sobretudo entre motoristas profissionais e na obtenção da primeira habilitação”, destaca o especialista, acrescentando que hoje, o exame de cabelo, por exemplo, tem se mostrado cada vez mais eficaz, pois permite identificar o uso de substâncias por um período mais longo, aumentando a confiabilidade do controle.
No Brasil, o exame toxicológico é obrigatório para motoristas das categorias C, D e E. Recentemente, no entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto de lei que previa a exigência do exame também para a obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em geral, o que, segundo Pulchinelli, representa um retrocesso.“O veto à ampliação do exame toxicológico para novos motoristas é um grande prejuízo para a sociedade. É uma oportunidade perdida de fortalecer uma política pública eficaz que ajuda a reduzir acidentes e salvar vidas”, critica o presidente da SBPC/ML.
O especialista defende que a ampliação da exigência ajudaria a reforçar a cultura de responsabilidade e prevenção entre motoristas de todas as categorias. “A combinação de diferentes matrizes biológicas - como cabelo, urina e sangue - torna a detecção mais precisa, já que cada uma permite identificar o uso de substâncias em períodos distintos. O cabelo, por exemplo, revela um histórico de até 90 dias”, explica Pulchinelli.
Diante dos números crescentes do consumo de drogas no mundo, é necessário investir em educação, informação e fiscalização mais rigorosa.
“Precisamos falar sobre drogas de forma clara, com base em evidências científicas, e usar todos os recursos disponíveis para reduzir os riscos à saúde individual e coletiva”, conclui o Alvaro.
O relatório completo da ONU está disponível em news.un.org