Edição Nov-Dez 2025
SBPC/ML cria diretoria para impulsionar inovação e acelerar diagnósticos no Brasil
Durante a Jornada de Inovação em Medicina Laboratorial, realizada nesta quarta (6), fisweek, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) anunciou a criação, a partir do próximo ano, de uma diretoria específica de Inovação e Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS).
A iniciativa busca fortalecer a incorporação responsável de novos métodos diagnósticos e reduzir entraves regulatórios que impedem a adoção de soluções com melhor custo-benefício para o paciente e para a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo. O anúncio foi feito pelo presidente da SBPC/ML, Álvaro Pulchinelli, durante a mesa “Ambientes de inovação na medicina laboratorial”, que reuniu Luciana Franco (SBPC/ML), Carlos Giafferri (Prevent Senior), Rafael Marin (Tech Health), Walmoli Gerber Junior (ACATE) e Vanessa Silva (Anbiotech).
Com a nova diretoria de Inovação e Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), a SBPC/ML passa a estruturar de forma mais robusta a análise e a incorporação de exames, equipamentos e soluções tecnológicas no sistema de saúde. A ATS é o eixo que determina se uma inovação deve ser adotada, com base em três critérios fundamentais: eficácia, segurança e custo-efetividade. A diretoria terá atuação multidisciplinar e será responsável por apoiar tecnicamente a submissão e defesa dessas tecnologias junto a órgãos reguladores como a CONITEC, no âmbito do SUS, e a ANS, responsável pelo rol de procedimentos dos planos de saúde. Os especialistas presentes destacaram, no entanto, que a burocracia ainda é o principal empecilho para que avanços como inteligência artificial e análise de dados cheguem com agilidade e sustentabilidade à prática clínica e laboratorial, retardando o acesso da população a seus benefícios.
Ao longo do encontro, ficou evidente que a Patologia Clínica e a Medicina Laboratorial estão se consolidando como provedoras estratégicas de data analytics clínico, influenciando até 70% das decisões médicas. A Prevent Senior apresentou cases de sucesso que demonstram como a automação de processos e o uso de inteligência artificial geram valor, eficiência e diagnóstico mais rápido, incluindo modelos preditivos com menor custo. No entanto, especialistas alertam que o impacto dessas inovações depende da capacidade do sistema em absorvê-las, o que exige fortalecimento institucional e articulação com reguladores.
O debate também reforçou que a inovação não é exclusividade das grandes organizações do setor. A sustentabilidade dos pequenos e médios laboratórios, que representam a maior parte do mercado, depende da construção de uma cultura de inovação de cima para baixo e de soluções baseadas em cooperação. O Grupo Reação demonstrou como o uso de dados, por meio de startups pode gerar indicadores estratégicos para a tomada de decisão em contextos de margens reduzidas. Ecossistemas como a ACATE e a indústria nacional, representada pela Anbiotech, foram apontados como agentes fundamentais para viabilizar acesso a financiamentos e apoiar políticas públicas.
Ao final, prevaleceu o consenso de que o futuro da inovação em diagnóstico depende de atuação conjunta, continuada e institucionalizada. Inserida nesse contexto, a nova diretoria da SBPC/ML surge como ponto de convergência entre ciência, tecnologia e regulação, com a missão de garantir que o diagnóstico inovador se traduza em acesso, qualidade e benefícios reais para o paciente.

