Edição Nov-Dez 2025 Publicado em: 06 novembro 2025 | 14:17h

Laboratórios assumem protagonismo na inovação em saúde durante jornada da SBPC/ML no fisweek

Automação, inteligência artificial e novos modelos de acesso reforçam o papel estratégico da medicina laboratorial no diagnóstico e no cuidado com o paciente. 70% das decisões médicas dependem de exames diagnósticos

 

A transformação da saúde passa pelos laboratórios. Foi essa a tônica da mesa redonda que abriu, na manhã desta quarta-feira, 06, a Jornada de Inovação em Medicina Laboratorial, coordenada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) no fisweek, maior encontro de inovação, criatividade e tendências da saúde da América Latina. Especialistas discutiram, no Rio de Janeiro, como a medicina laboratorial está se reposicionando diante do envelhecimento populacional, do avanço tecnológico e da necessidade de ampliar o acesso a diagnósticos precisos.

Na abertura do evento, o presidente da SBPC/ML, Alvaro Pulchinelli, destacou que compreender a velocidade das mudanças é essencial para garantir o futuro da medicina laboratorial. “A inovação está dentro do nosso dia a dia no laboratório. Precisamos entender que a medicina laboratorial está passando pela transformação mais rápida de sua história. É hora de olhar além do tubo de ensaio e do exame tradicional. Hoje estamos falando de dispositivos vestíveis que monitoram o paciente em tempo real, de inteligência artificial analisando dados continuamente e antecipando riscos antes que a doença se manifeste. Tudo isso é medicina laboratorial. A provocação que trazemos é: até onde esse horizonte pode ir e como queremos participar dele?”, afirma.

Adriano Basques, coordenador do Comitê Científico de Informática Laboratorial da SBPC/ML, abriu a primeira mesa do dia falando sobre as tendências na área. Ele destaca que mais de 70% das decisões médicas dependem dos exames produzidos pelos serviços de diagnóstico, o que reforça o protagonismo desse segmento em um sistema de saúde cada vez mais orientado por dados. 

“Temos evoluções tecnológicas para obter respostas rápidas e precisas, mas o mais importante é como essa tecnologia apoia a sustentabilidade do negócio, aumenta a produtividade e impacta positivamente os pacientes”, destaca. Nesse cenário, Basques ressalta que a inteligência artificial é eixo da transformação, com uso em predição de resultados críticos, análise de imagens e sequenciamento genético, enfatizando a necessidade de dados estruturados e segurança cibernética.

A especialista em inovação na saúde e investidora em startups, Paula Mateus, apresentou a palestra sobre Mercado Out of Pocket e Endofinance, destacando a expansão desse modelo em um cenário onde grande parte da população depende do SUS e enfrenta barreiras de acesso. 

“Estamos vendo um movimento intenso de inovação e de novos modelos de acesso, com o paciente no centro e soluções financeiras que facilitam esse caminho”, afirma. Ela enfatiza que, entre 2023 e 2024, as análises clínicas foram o segmento que mais cresceu nesse formato, indicando que o público está disposto a pagar por exames quando encontra transparência de preços e formas de pagamento facilitadas.

Encerrando a primeira mesa com a palestra “Startups e Empresas: Como interagem”, Istvan Camargo, especialista em inovação e startups na saúde, apresentou a perspectiva das grandes corporações ao se relacionarem com novos empreendimentos do setor. Ele alerta que muitas parcerias fracassam não pela falta de potencial das startups, mas pelo despreparo das empresas em lidar com elas. Segundo destacou, é essencial reconhecer o estágio de maturidade de cada startup para alinhar expectativas, metas e investimentos de forma realista. “Quando isso não acontece, projetos promissores são interrompidos e a responsabilidade é atribuída injustamente às startups”, conclui.