Publicado em: 05 dezembro 2025 | 12:13h

Entrevista: Dr. Guilherme Ferreira assume a presidência da SBPC/ML em 2026/2027

Prioridades, inovação e compromissos para o futuro da Medicina Laboratorial

Em 2026, o Dr. Guilherme Ferreira de Oliveira iniciará sua gestão como presidente da SBPC/ML, em um momento estratégico para a Medicina Laboratorial no Brasil. Médico especialista em Patologia Clínica e Medicina Tropical, mestre em Promoção da Saúde e com MBA em Gestão Empresarial, ele é auditor-líder ISO 9001 e PALC. Ex-diretor de Acreditação e Qualidade da SBPC/ML (2020/2021 e 2022/2023), atua como Diretor Administrativo de Expansão do Grupo Sabin e é o atual Vice-Presidente da entidade.

1. Como o senhor enxerga o início desse novo ciclo à frente da SBPC/ML?

2026 será um ano decisivo para o crescimento da nossa especialidade. A SBPC/ML tem mais de 80 anos de contribuição à saúde brasileira, e nossa missão é honrar e expandir esse legado. Com uma diretoria altamente qualificada, vamos fortalecer o protagonismo da Medicina Laboratorial na Medicina Personalizada, acompanhando avanços científicos e tecnológicos. A instituição já estrutura uma integração científica sólida e estratégica, consolidando o laboratório clínico como um verdadeiro hub de ciência de precisão.

2. A inovação tecnológica será um dos eixos centrais da sua gestão?

Sim. A SBPC/ML já atua na incorporação estratégica de novas tecnologias diagnósticas, sempre com planejamento e responsabilidade. Em nossa gestão, ampliaremos essas iniciativas com a nova Diretoria de Inovação em Tecnologia e Saúde, liderada pela Dra. Luciana Franco, que coordenará ações voltadas a uma atuação proativa diante das transformações científicas e tecnológicas que chegam aos laboratórios.

3. Quais temas e frentes de trabalho serão prioritários durante o seu mandato?

Nosso foco principal será a valorização e o reconhecimento do médico especialista em Medicina Laboratorial, fortalecendo a SBPC/ML e atraindo novos talentos. Vamos modernizar o programa de acreditação, expandir atividades educacionais e científicas e intensificar a representatividade nacional e internacional da entidade. Também ampliaremos a comunicação institucional, destacando o papel estratégico do especialista na tomada de decisões clínicas, na qualidade do diagnóstico e na segurança do paciente.

4. Como fortalecer a integração entre laboratórios clínicos e a comunidade científica?

A SBPC/ML tem histórico sólido na tradução de conhecimento acadêmico em diretrizes e recomendações práticas. O Congresso Brasileiro de Patologia Clínica -  CBPC - permanece como o principal espaço para debate e validação de novas tecnologias. Continuaremos estruturando uma integração científica consistente, que reafirma o laboratório clínico como elemento central da Medicina Personalizada e da ciência de precisão no país.

5. Quais serão as ações para ampliar a formação e capacitação de profissionais?

A SBPC/ML desempenha papel fundamental na educação continuada de profissionais de laboratório e áreas correlatas. Além do CBPC, promovemos cursos, workshops, seminários regionais e conteúdos de atualização técnica e gerencial. Vamos ampliar essas iniciativas, mantendo o padrão de excelência e apoiando a formação de novos especialistas - estudantes, residentes e jovens médicos. Incentivaremos ainda a participação no EducaMedLab, em ligas acadêmicas, na produção científica e no engajamento como associados aspirantes.

6. Como a entidade atuará no apoio a políticas públicas para o diagnóstico laboratorial?

Temos conteúdos técnicos sólidos, baseados em evidências, que contribuem diretamente para políticas públicas. Buscaremos fortalecer a cooperação técnica com órgãos públicos e privados, incluindo o acompanhamento e a colaboração com a ANVISA na implementação da RDC 978 e o apoio à Política Nacional do Diagnóstico Laboratorial (PNDL), iniciativa estratégica para garantir qualidade, equidade e sustentabilidade dos serviços laboratoriais no SUS.

7. Quais são os desafios para manter padrões de qualidade e segurança, e como a SBPC/ML atuará nesse sentido?

A SBPC/ML é pioneira em qualidade e segurança na saúde. Embora programas como o PALC sejam referência há 27 anos, o número de laboratórios acreditados ainda é pequeno. Trabalhamos para ampliar esse alcance, estimular a acreditação e fortalecer a cultura de segurança do paciente. Um exemplo recente é a Norma PALC-Toxicologia, lançada no CBPC Rio de Janeiro, que agora será difundida entre os laboratórios toxicológicos de todo o país.

8. A sustentabilidade deverá ganhar mais espaço nos próximos anos?

Sim. Continuaremos promovendo práticas ambientais conscientes nos laboratórios, como gestão adequada de resíduos, redução de insumos e energia e protocolos que minimizem impactos ambientais. Essas ações incluem cursos e workshops dedicados ao tema, incentivando uma cultura de sustentabilidade alinhada às exigências regulatórias e às expectativas da sociedade.

9. Como garantir padrões elevados de qualidade diante da pressão por custos e da rápida evolução tecnológica?

Mesmo sem autoridade regulatória direta, a SBPC/ML tem papel essencial na qualificação da Medicina Laboratorial no Brasil. Atuamos na elaboração de diretrizes baseadas em evidências, no fortalecimento do PALC, na capacitação de profissionais, na pesquisa aplicada e na promoção da adoção responsável de tecnologias. Nossa meta é expandir essas iniciativas para laboratórios de diferentes portes e regiões, reafirmando o compromisso com qualidade, segurança do paciente, equidade e sustentabilidade.

10. Que mensagem o senhor deixa para os associados e para os profissionais que acompanharão sua gestão?

Convido todos a caminharem conosco neste novo ciclo. A SBPC/ML sempre prosperou pela cooperação e pelo diálogo - e assim conduzirei minha gestão: como um projeto coletivo, plural e aberto a contribuições. Juntos, fortaleceremos a Medicina Laboratorial como referência de qualidade, inovação e segurança no sistema de saúde brasileiro. E deixo o convite para que todos acompanhem nossas iniciativas no site e nas redes sociais da Sociedade.