Edição Set-Out 2024 Publicado em: 10 setembro 2024 | 18:30h

IA na medicina laboratorial só tende a evoluir

Considerado um caminho sem volta, a necessária regulação do uso de inteligência artificial na Saúde foi um dos pontos reforçados em mesa redonda do 56º CBPCML

A utilização de soluções de Inteligência Artificial na Saúde não é coisa do futuro.  Mais de 62,5% de instituições como hospitais, clínicas, consultórios e laboratórios utilizam o recurso de alguma forma no Brasil, sobretudo para obter melhorias na resolução de problemas, nem que sejam de atendimento. Cerca de 51% dos participantes de estudo recente sobre o tema responderam que obtiveram resultados concretos após a adoção da IA. Os dados fazem parte de levantamento feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) em parceria com a Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS). Não à toa, o painel ‘Aplicações da Inteligência Artificial na Medicina Laboratorial’ foi um dos mais concorridos do primeiro dia do 56º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (CBPCML), que acontece de 10 a 13 de setembro, em Salvador, na Bahia.

 

O médico patologista clínico Carlos Ballarati, ex-presidente da SBPC/ML, coordenou a mesa redonda sobre IA no laboratório que contou com as participações de Alexandre Chiavegatto, Tatiana Ferreira de Almeida e Daniela Borri.

 

Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, editor-chefe da Revista Saúde Pública, e colunista de inteligência artificial do jornal O Estado de São Paulo, Chiavegatto destacou as principais vantagens da adoção da IA na Saúde: tratamentos personalizados, diagnósticos acelerados, predições de doenças.

 

Também diretor do Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde da USP (LABDAPS), Alexandre Chiavegatto abordou uma das principais preocupações recentes de 10 em 10 debates sobre IA: a regulação.

 

Abertamente posicionado por uma regulação pró-IA, Chiavegatto afirma que ela vai beneficiar pacientes e comunidades médicas.

 

“Evitamos problemas criminalizando o crime, e não a ferramenta (...) A tecnologia, na verdade, trará altos benefícios na descoberta de novos medicamentos e intervenções, além de profundas melhorias na gestão e organização do sistema”, destacou o professor da USP.

 

Daniela Borri, biomédica especialista em citogenética humana e em automação e implementação de novas metodologias em citogenética convencional e molecular, trouxe a prática da aplicação da robótica e da IA, com case de robotização na digitalização de metáfases. O estudo apresentado pela doutoranda em patologia, teve ganho de produtividade de 78,7% com a IA; quando a meta inicial era de 25%.

 

“As principais vantagens (robotização e uso de IA no estudo) foi a diminuição do tempo de análise, aumento da precisão e produção, menor tempo de liberação, análise remota e exclusão de erros por variações manuais, além da padronização de processos”, disse Daniela Borri, que destacou que um dos principais desafios são os custos elevados de investimento em tecnologia de IA para implementação e também requer qualidade do pré-analítico.

 

Médica geneticista, Tatiana Ferreira de Almeida concluiu a mesa redonda destacando as vantagens da IA como apoio à decisão médica. “A IA faz o que o nosso cérebro não é capaz de fazer, pois possui aptidões que vão além da capacidade humana e, por isso, pode e deve estar ao lado da Saúde e Medicina com dados, matemática e alta capacidade computacional”, reforça Tatiana, que é coordenadora de ciência de dados no laboratório do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

Discussão está ativa em todo mundo

Em junho, membros do G20 analisaram mecanismos para uso da inteligência artificial e da tecnologia digital na medicina, em debate que fez parte de evento paralelo do Grupo de Trabalho da Saúde, também em Salvador (BA), como parte da preparação do grande encontro dos líderes do G20 que acontece no Brasil, em novembro. As comitivas concordaram que a IA já é uma realidade que promove a eficiência dos serviços e reforçaram a necessidade de regulações para garantir a segurança dos pacientes e mitigar desigualdades e disparidades existentes no acesso à saúde. Austrália, Reino Unido, Indonésia, União Europeia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e China foram algumas das representações que endossaram esse conceito. 

 

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