Edição Set-Out 2024 Publicado em: 10 setembro 2024 | 13:43h

Como as Startups estão ajudando os laboratórios

Inteligência Artificial auxilia no aprimoramento dos processos

A experiência na jornada do exame não deve ser ruim e demorada. Essa foi a ideia principal do painel intitulado “Como as Startups estão ajudando os laboratórios: Casos Reais”, realizado durante o 56º Congresso de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) , que está sendo realizado de 10 a 13 de setembro, no Centro de Convenções Salvador.  Na palestra, foram exibidos casos de empresas que têm ajudado nas coletas, transporte de amostras e diagnósticos com ajuda da Inteligência Artificial.

 

Os quatro expositores explicaram como a IA pode ajudar a fazer com que os laudos cheguem de maneira mais rápida e em linguagem mais acessível para os pacientes. Segundo Garrit Glass, este é um grande entrave. Os números de referência não trazem informações adicionais que auxiliem a interpretação e entendimento, assim como laudos com 20 páginas também não ajudam os médicos em resultados precisos e mais personalizados.

 

 

Glass propõe a criação de laudo digital com acesso pelo celular como um aplicativo, de fácil entendimento, com resumos e informações mais importantes, contextos para o paciente compreender melhor, além de um histórico disponível. Dessa forma, o grande impacto seria o paciente tomar para si mais responsabilidades cuidando melhor da saúde com controle e entendimento, foco no tratamento e redução de erros diagnósticos.

 

 

Ele apresenta um “Portal dos Resultados” com a centralização dos dados para gerar um histórico, ainda que o paciente faça os exames em laboratórios diferentes. Dessa forma, podem ser também estabelecidas parcerias com farmácias, academias, nutricionistas, e promover a saúde integral do paciente. O histórico é importante pois, ainda que as taxas estejam dentro dos valores de referência, pode-se ter a variação disponível informando as alterações significativas e assim evitar riscos e melhorar os tratamentos. O portal otimiza a experiência, aumenta o entendimento do paciente sobre sua própria saúde, facilita o acesso ao histórico e assim melhora o tempo de consulta com o seu médico parceiro, além de transformar os dados em novas receitas para os laboratórios, conquistando e fidelizando clientes.

 

Gustavo Campana, patologista clínico, falou sobre transformação do modelo de diagnóstico por microamostras. Assim como Garrit Glass, propõe que o paciente se envolva ativamente no cuidado com a própria saúde. Ele falou ainda sobre a obtenção de amostras biológicas de alta qualidade, a qualquer momento e em qualquer local, o que já é uma realidade fora do Brasil.

 

 

Em um quadro comparativo, Campana mostrou vantagens da coleta de microamostras, como o fato de ser menos invasivo, menos desconfortável e menos doloroso. Através de alta tecnologia, dispositivos de microamostras permitem a realização de exames laboratoriais em volumes reduzidos de sangue, no conforto de casa, no momento de escolha do paciente, com análise realizada em laboratórios acreditados e com resultados que o usuário consegue compreender.

 

Na mesma linha que o Garrit Glass, Campana falou sobre descomplicar o diagnóstico e ajudar as pessoas a compreenderem melhor a sua saúde e o seu bem-estar. A chamada “coleta capilar” tem tido muita aceitação entre os pacientes que a consideram de alta confiabilidade e avaliam a experiência como “muito positiva”. Campana acredita que até 2025 será capaz de fazer exames de câncer de colo uterino (HPV molecular) e até 2029 seja capaz de exames como Hemoglobina Glicada (diabetes) e check up de doenças crônicas.

 

Ailton Flavio, sócio da empresa KAL LAB, falou sobre Logística Inteligente. Para ele, a tecnologia precisa estar ao alcance da mão, como um aplicativo nos smartfones, e todo o processo logístico deve representar o tempo real de tudo o que acontece, desde a coleta até o resultado, com absoluta gestão sobre o material e o transportador, por isso é fundamental que a amostra tenha 100% de rastreabilidade, garantindo a entrega do material no destino de forma eficiente, com temperatura dentro dos limites e resguardando a qualidade.

 

Para Marcus Figueredo, doutor em Inteligência Artificial, o laboratório precisa ser descentralizado, a nova geração do point-of-care. Exame feito perto do paciente com monitoramento remoto pelo profissional de análises clínicas. Cinco equipamentos já foram criados para cobrir 85% dos exames mais pedidos e os resultados ficam prontos em até 20 minutos.

 

Após a coleta, o banco de dados do equipamento faz a análise e gera o resultado, que, após analisado por um profissional, chega ao celular do paciente com qualidade e confiabilidade. Tudo isso com criptografia de nível militar para garantir a privacidade do paciente. Em fase de teste, Figueredo apresentou ainda um laudo totalmente lido e interpretado por Inteligência Artificial, a fim de democratizar a informação para o paciente em linguagem mais acessível. Através desses equipamentos, o alcance dos laboratórios é aumentado permitindo diagnósticos em aldeias indígenas e lugares mais remotos.

 

Um dos grandes desafios é compreender que não existe competição com os laboratórios e sim uma forma de articulação, de complementaridade. Ainda que a tecnologia chegue a lugares inóspitos, o profissional capacitado será sempre fundamental. Não há mais como ficar longe da Inteligência Artificial. É a base de toda tecnologia que trabalha em articulação com o profissional de saúde. É a nova realidade.