Edição Set-Out 2024 Publicado em: 10 setembro 2024 | 13:53h

Biomarcadores Laboratoriais da Doença de Alzheimer: Passado, Presente e Futuro

Palestra Magna com Anna Lidia Wojdala, presidida por Gustavo Bruniera

A sessão “Biomarcadores Laboratoriais da Doença de Alzheimer: Passado, Presente e Futuro” discutiu os biomarcadores da doença de Alzheimer no líquido cefalorraquidiano (LCR) que estão sendo implementados na prática clínica, bem como a transição do LCR para o plasma, que pretende revolucionar o campo.

O papel dos biomarcadores em fluidos tem conquistado o seu lugar entre as primeiras terapias modificadoras da doença que estão se tornando disponíveis e são o principal interesse de pesquisa do grupo da professora Charlotte Teunissen, líder do Laboratório de Neuroquímica no Centro Médico da Universidade de Amsterdã. Os achados do grupo foram apresentados na conferência magna pela pesquisadora Anna Lidia Wojdala.

A doença de Alzheimer está entre as doenças neurodegenerativas mais comuns e deve alcançar uma prevalência de 78 milhões de indivíduos até 2030. A medição precisa de biomarcadores selecionados em fluidos reflete com precisão os processos patológicos da doença, auxiliando os clínicos na tomada de decisão, especialmente em pacientes nos estágios iniciais, para os quais as opções de prevenção secundária podem inibir um declínio cognitivo adicional.

“Estudos recentes demonstram que níveis anormais de biomarcadores em fluidos podem refletir mudanças patológicas anos antes da manifestação clínica da doença”, destaca Wojdała. A pesquisadora cita os critérios mais recentes para diagnóstico e estadiamento da doença de Alzheimer (Jack C. et al., Alzheimer's & Dementia, 2024), que incluem a medição de biomarcadores no líquido cefalorraquidiano (LCR) e no sangue para diagnosticar a doença de Alzheimer biológica, principalmente em indivíduos sintomáticos, e também em indivíduos assintomáticos em ambientes de pesquisa.

Em seu laboratório, a equipe utiliza plataformas proteômicas de alta capacidade, como o Olink®. “Para os biomarcadores de proteínas candidatas mais promissoras, são projetados, desenvolvidos e validados ensaios imunológicos direcionados para detecção sensível e específica no LCR e/ou sangue”, comenta a pesquisadora.

Por se conectar diretamente com o sistema nervoso central, o LCR reflete com precisão a patologia cerebral, enquanto o sangue é de fácil acesso e adequado para amostragens repetidas. Técnicas como o Ensaio Imunoenzimático (ELISA) e tecnologias ultrassensíveis, como o arranjo de molécula única (single molecule array), são utilizadas conforme a necessidade de sensibilidade do ensaio e nível de automação.

Os novos ensaios são usados para comparar os níveis de biomarcadores em pacientes ao longo da doença de Alzheimer com aqueles avaliados em indivíduos saudáveis, alinhando-se ao conceito de medicina de precisão e visando melhorar o perfil molecular dos pacientes.

Os resultados apresentados nessa pesquisa são esperados há 20 anos, período em que a medicina teve um progresso grande, e identifica a doença desde um estágio sem sintomas. Segundo Wojdala, ainda são necessários outros biomarcadores com identificação mais sensível e os avanços tecnológicos têm auxiliado nesse sentido por considerar importante não só identificar a doença, mas em que estágio ela está para definir a terapia mais eficaz.

 

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