Edição Jan-Fev 2025 Publicado em: 20 fevereiro 2025 | 06:40h

Diagnóstico seguro depende da qualidade laboratorial

Especialista da SBPC/ML destaca a importância do controle de qualidade para a segurança do paciente

Garantir um diagnóstico preciso e oportuno é fundamental para a segurança do paciente e a qualidade da assistência médica. No entanto, erros diagnósticos ainda representam um grande desafio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 5% e 20% dos atendimentos médicos resultam em diagnósticos incorretos, atrasados ou ausentes, impactando milhões de pessoas ao longo da vida. Esses equívocos respondem por cerca de 16% dos danos evitáveis nos sistemas de saúde, reforçando a necessidade de aprimorar os processos diagnósticos.

Wilson Shcolnik, médico patologista clínico e diretor de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), ressalta que o papel do laboratório clínico vai além da realização de exames.

“Ele também contribui para a escolha dos testes mais adequados e a interpretação dos resultados, fornecendo informações essenciais para a tomada de decisões médicas e reduzindo o risco de erros que possam comprometer a segurança do paciente”, explica.

A OMS estima que 70% das decisões médicas sejam baseadas em exames laboratoriais.

 “Para que esses exames realmente orientem condutas médicas seguras e eficazes, é essencial garantir qualidade em todas as etapas do processo, desde a solicitação do teste até a interpretação dos resultados”, acrescenta Shcolnik.

O especialista destaca que o controle de qualidade é uma ferramenta indispensável para assegurar a confiabilidade dos exames laboratoriais.

“Desde 2005, a Anvisa tornou essa prática obrigatória, e a maioria dos laboratórios brasileiros já aderiu à norma. O controle de qualidade monitora a fase analítica do processo, garantindo precisão nos resultados e segurança no diagnóstico”, ressalta o especialista da SBPC/ML.

Para reduzir a incidência de erros diagnósticos, a OMS promove iniciativas para ampliar o acesso a exames confiáveis. Uma delas é a Lista de Exames Essenciais, que orienta os países sobre testes prioritários para um atendimento seguro e eficaz.

“Essa lista reforça a necessidade de disponibilizar exames fundamentais para diversas condições médicas, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos”, afirma Shcolnik.

Além disso, a Resolução 76.5, publicada em maio de 2023, reforça a importância de fortalecer a infraestrutura laboratorial, capacitar profissionais e implementar políticas que assegurem a qualidade dos exames.

“Investir em qualidade diagnóstica não apenas reduz erros médicos, mas também otimiza recursos e melhora os desfechos clínicos”, destaca o especialista, lembrando que os exames laboratoriais representam apenas 3% a 5% do custo total da assistência à saúde, um investimento relativamente baixo diante do impacto positivo que proporcionam.

Os erros laboratoriais podem ocorrer em diversas etapas do processo diagnóstico e impactar diretamente a conduta médica. Entre os principais equívocos estão a solicitação inadequada de exames, falhas na coleta e processamento das amostras, interpretação incorreta dos resultados e atrasos na entrega dos laudos. Qualquer um desses fatores pode comprometer o diagnóstico e o tratamento do paciente.

“Além da precisão dos exames, é essencial que os laboratórios mantenham um canal de comunicação eficiente com os médicos assistentes, auxiliando na interpretação dos resultados e evitando decisões equivocadas. O trabalho conjunto entre laboratórios e profissionais de saúde é uma estratégia fundamental para a segurança do paciente”, conclui Shcolnik.

 

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