Edição Set-Out 2024 Publicado em: 12 setembro 2024 | 18:00h

Empresas do setor são premiadas por iniciativas sustentáveis

Embaixadora Brasileira da Ciência, biomédica Jaqueline Goes participa de atividade da Agenda ESG no 56º. CBPC/ML

Na Arena da Sustentabilidade, um dos principais destaques do 56º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, onze empresas apresentaram projetos selecionados pela equipe técnica da SBPC/ML por se destacaram dentro do compromisso de promover ações sustentáveis. E foi casa cheia para conferir esse resultado. Os 140 lugares destinados para a atividade de premiação das iniciativas foram pouco.

 

E para palestrar na abertura da atividade e entregar os troféus de premiação, a convidada foi a pesquisadora brasileira Jaqueline Goes de Jesus , biomédica de Salvador, e doutora em patologia humana. Ela foi a especialista que coordenou a equipe responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Brazil-UK Centre for Arbovirus Discovery, Diagnosis, Genomics and Epidemiology). Dra Jaqueline Goes também fez parte da equipe liderada por pesquisadores ingleses que sequenciou o genoma do vírus Zika,pelo Brazil Real Time Analysis, um projeto de monitoração de epidemias.

 

Em 2021, Jaqueline foi uma das mulheres homenageadas pela empresa Matel, que produziu uma linha da boneca Barbie dedicada a mulheres que estiveram na linha da frente do combate à pandemia da Covid 19. Recentemente, o Governo Federal a escolheu como Embaixadora Brasileira da Ciência.

 

Jaqueline abriu sua fala relatando que, ao longo de sua experiência profissional, sempre sentiu um incômodo muito grande: há um desperdício enorme de plásticos no laboratório. 

 

“Como reduzir isso? Se joga muito material fora no laboratório. Temos que pensar que é absurdo o quanto geramos de resíduos nessa atividade.  Gastamos muito plástico. A cada pipetagem, usamos uma ponteira, por exemplo. Temos que ter iniciativas que possam reduzir esse uso. Ou usarmos mais materiais biodegradáveis, o que seria maravilhoso. Milhões de processos precisam ser revistos e otimizados. Será que estamos passando isso para os nossos colaboradores? A comunicação tem que acontecer em todos os níveis na nossa prática diária. Temos que conscientizar nossos clientes também, que ainda têm expectativa de querer um resultado no papel, por exemplo”, destacou Dra Jaqueline Goes.

 

A biomédica reforçou que a conscientização sobre a necessidade de acelerar a agenda ESG da Medicina Laboratorial (sigla que vem das palavras em inglês Environmental, Social and Governance, que significam em português Ambiental, Social e Governança) precisa ser trabalhada em campanhas que envolvam todos.

 

“Os clientes precisam saber que as práticas sustentáveis trazem benefícios não só econômicos. Precisamos de criatividade para comunicar esses valores tão urgentes. Não basta termos banners nas paredes. Precisamos fazer campanhas. E não esperar que as mudanças venham apenas pelas novas exigências nas regulações. Precisamos nos colocar num lugar de desconforto por não termos práticas tão sustentáveis", destaca.

 

"Há previsões de que as mudanças climáticas farão com que metade da população não esteja por aqui em 2050. Então, o propósito envolvido com essa questão é urgente e mais importante do que adotar práticas. É o que precisamos entender e mudar nossas rotinas urgentemente. Comprar de empresas que possuem programas de sustentabilidade.  Temos que educar colaboradores e clientes para que vire cultura.  E para que o paciente até reclame quando não encontrar um laboratório sustentável. Temos que apertar nossos legisladores, exigir mudanças, porque é uma luta importante que vai de fato trazer os cuidados de que nosso planeta precisa”, alertou a Embaixadora Brasileira da Ciência.

 

 

A diretora de Comunicação da SBPC/ML, Dra Annelise Correa Wengerkievicz Lopes, idealizadora da Arena da Sustentabilidade, reforçou que o tema ESG tem sido uma agenda cada vez mais importante do setor de Medicina Laboratorial e que a Sociedade planeja intensificar atividades que possam disseminar as boas práticas entre seus associados.

 

"O sucesso dessa arena comprova a importância do tema e a expectativa de todos os envolvidos que o setor esteja mobilizado, engajado e alcançando resultados eficientes. Ficamos muito felizes com os projetos enviados. Inicialmente seriam dez apresentações e passamos para doze devido a importância de todos eles. Que sejam exemplo e motivem o setor a aumentar suas ações num prazo mais curto”, destaca Dra Annelise Correa Wengerkievicz Lopes.

 

VEJA ABAIXO OS PROJETOS APRESENTADOS:

 

EPPENDORF - Consumíveis Biobased - fabricados com óleo de cozinha reciclado

A nova geração de ponteiras de pipeta, placas e Eppendorf Tubes® Biobased são feitas de 90% de plástico de base biológica (polipropileno fabricado a partir de recursos renováveis, como resíduos e descartes do refino de óleo vegetal). A pegada de carbono relacionada ao produto foi significativamente reduzida e a empresa quer ser carbono neutro até 2030. A empresa teve redução no uso e consumo de materiais e recicla o que não tem contato com amostras contaminadas. Outra iniciativa é fabricar tubos de tamanhos menores, de 5 a 25 ml. Implementou economia de energia, energia verde. Em seu site há uma calculadora de quantidades de plástico utilizados.

 

PNCQ (Programa Nacional de Controle de Qualidade) - Energia da qualidade para um meio ambiente melhor

Aproveitando os quase 2000 metros de telhado da nova sede do PNCQ, foram instalados 1665m² de painéis solares, sendo 626 módulos fotovoltaicos. Percebendo a possibilidade de captação da água de chuvas, o projeto levou à economia no consumo de energia, evitando o uso de geradores a combustível como backup do sistema elétrico da unidade. Houve economia de 70% da conta de luz, além de evitar o desperdício de água, com captação de água de chuva para lavar calçada, entre outros reusos de água. 

 

Roche - ESG, um compromisso da Roche com a sociedade        

A Roche integra a sustentabilidade em seus objetivos, orientada pelo Comitê de Sustentabilidade. Suas metas incluem evitar 258 mil toneladas de CO² até 2030, aumentar a reciclagem de resíduos para ≥ 80% até 2025 e reduzir resíduos plásticos em 10% até 2025. A empresa planeja reduzir em 50% a sua pegada ambiental em produtos e operações e já alcançou resultados expressivos, entre eles: redução de 78% em resíduos sólidos com cobas e pack green e 59% nas emissões de gases de efeito estufa desde 2004. O plano é emissão 0 até 2050. Na Roche, 44% cargos de gestão são ocupados por mulheres e na Roche Brasil, 50% da liderança é de mulheres. Há programas de diversidades gênero, afinidades, inclusão de pcds, lgbtqia+, combate à masculinidade tóxica, gestão transversal e comitê de sustentabilidade.  

 

Sarstedt - Caixa Mágica          

Com o objetivo de destinar materiais que antes eram descartados durante a coleta de sangue, a Sarstedt criou o projeto onde materiais como hastes de S-monovette e embalagens de ponteiras são segregados e recolhidos. Estes resíduos são transformados em matéria prima novamente para produção de sacolas, copos e outros itens, como caneta (fase de protótipo) e chaveiro. Este processo é realizado por microempresas ou ONGs homologadas pela Sarstedt.

 

Lab-to-lab pardini – Grupo Fleury - Transporte de Amostras Biológicas por Aeronaves não Tripuladas - Para a saúde não pode haver limites 

O Grupo Pardini, agora Grupo Fleury, foi pioneiro em inovação logística na medicina diagnóstica com a primeira rota de transporte de amostras biológicas por drone em Belo Horizonte e Região Metropolitana de MG. Em 2023, iniciou uma nova rota em Salvador (BA) para coleta de exames em hospitais e laboratórios do grupo, destacando-se pelo potencial de reduzir as emissões totais do grupo. A empresa lembrou que os 7600 laboratórios conveniados em 220 cidades geram uma quilometragem equivalente a três voltas ao planeta todos os dias. Com os drones para transporte de amostras biológicas, a empresa teve também redução no custo de transporte por amostra. 

 

Quidel Ortho – Química Seca

Quidel Ortho conta com tecnologia de química seca, que não requer o uso de reagente líquido. Com isso, garante economia de água e evita que líquidos contaminados sejam descartados no meio ambiente. Um analisador Vitros® economiza em média de 160 mil litros de água por ano (comparado a um analisador de mesmo porte, que utiliza água). Isso é água suficiente para uma família de quatro pessoas sobreviver por mais de 20 anos.

 

Merck – Tecnologia E.R.A.®

Essa tecnologia garante uma taxa de fluxo constante, independentemente de mudanças sazonais e na água de alimentação, enquanto reduz o consumo de água em até 50%, economizando cerca de 1200 litros por dia, durante 7 anos. Ela também otimiza o tempo de atividade e a confiabilidade, aumentando a vida útil dos cartuchos e do Progard, reduzindo custos operacionais e resíduos plásticos, sem necessidade de ajustes manuais.

 

Werfen Medical - Projeto ESG             

Projeto Piloto de caixas de transporte retornáveis com objetivo de substituir as caixas de isopor e consequentemente o impacto ambiental desse descarte. Iniciamos a validação do projeto com nosso cliente HIAE. Relatório de sustentabilidade global primeiro estudo do impacto das mudanças climáticas e inclusão de metas até agenda 2030 da ONU. Iniciativas digitais em eventos para redução do impacto ambiental.

 

Biding Site Brasil – part of Thermo Fisher Scientific  - Utilização de caixas térmicas retornáveis

A Biding Site Brasil, buscando reduzir o impacto ambiental, está substituindo as caixas de poliestireno expandido (EPS) por caixas térmicas retornáveis e reutiliza ice pack por 36 meses. Essa iniciativa diminui o volume de resíduos como papéis, etiquetas, sacos plásticos e gelo; e reduziu a emissão de CO². A otimização da logística reduziu custos a longo prazo. No entanto, o projeto exige investimento inicial em caixas retornáveis e gelos recicláveis, e depende da adesão dos clientes para o retorno das caixas, numa logística reversa. Mas a economia foi de 44% nos custos de aquisição de embalagens. O investimento se pagou no primeiro ano de operação. A empresa também planeja reduzir emissão com carro elétrico.

 

Merck - Ciência mais sustentável  

A Merck conta com tecnologias sustentáveis como E.R.A.®, que proporciona redução do rejeito de água em até 50%; e Elix® EDI, que elimina a regeneração de produtos químicos perigosos, utilizando baixa corrente elétrica para regenerar resinas de troca iônica. Componentes e aplicação que resultam em até 35% de economia de energia. E lâmpadas UV ech2o®, que não contêm mercúrio. A empresa teve redução de 33% no uso de plástico e design que reduz o peso dos sistemas em 18%.

 

Open Health Tecnologies - Digital Lab Wallet 

Plataforma em nuvem que permite aos pacientes acessar e gerenciar seus laudos e históricos de resultados de diferentes laboratórios, sem necessidade de impressão dos laudos e uso de papel. De acordo com a empresa, gasta-se de R$ 500 milhões a R$ 1,5 bi em folhas e 90 milhões com impressão de laudos de até 3 folhas. Isso significa de 25 mil a 150 mil árvores.

 

Aimara  - Impressão Consciente

Pensando em aprimorar ações em conjunto com a sustentabilidade Ambiental, a empresa está implantando a impressão consciente, onde somente documentações oficiais e regulatórias devem ser impressas. A disponibilização de folders dos produtos ocorrem de forma digital, com leitura através de código QR.

 

Aproveite e assista no Instagram como foi a dinâmica do Passaporte da Sustentabilidade

 

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