Edição Jan-Fev 2025 Publicado em: 30 janeiro 2025 | 16:00h

SBPC/ML alerta sobre a síndrome retroviral aguda e reforça a importância da prevenção contra ISTs no verão e carnaval

Compreenda os riscos e a "janela diagnóstica" para testagem após exposição

A chegada do verão, conhecido por festas e celebrações em todo o país, também traz consigo um aumento potencial nos casos de síndrome retroviral aguda, associada à infecção pelo vírus HIV. Essa síndrome, caracterizada pelos primeiros sinais e sintomas de uma infecção pelo HIV, destaca a necessidade de conscientização sobre a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Leonardo Vasconcelos, médico Patologista Clínico e Diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), esclarece que a síndrome retroviral aguda muitas vezes se manifesta com sintomas inespecíficos, como dor no corpo, febre, cansaço, desânimo, cefaleia, dor de garganta e aumento de linfonodos.

"Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com os de uma virose comum, tornando essencial a realização de exames quando há exposição a riscos, como sexo desprotegido ou compartilhamento de agulhas", explicou. 

O aumento de casos durante o Carnaval, por exemplo, está diretamente relacionado aos comportamentos de risco das pessoas nesse período festivo. O HIV é transmitido pelo contato com secreções, como sangue, secreção vaginal e sêmen, e a prática de sexo desprotegido com múltiplos parceiros aumenta significativamente o risco de contrair o vírus.

Além do HIV, outras ISTs também merecem atenção. O especialista da SBPC/ML destaca a importância da prevenção contra hepatites, sífilis, gonorreia, clamídia e outras doenças sexualmente transmissíveis. "A escolha cuidadosa dos parceiros, o uso de preservativos e a realização de exames periódicos são medidas fundamentais para evitar a disseminação dessas infecções", reforçou Leonardo.

Testagem e "janela diagnóstica"

Quanto à testagem, Leonardo enfatiza a necessidade de compreender a "janela diagnóstica", o período em que os testes podem detectar a presença do vírus. "Após uma exposição de risco, os resultados dos testes podem não ser imediatamente conclusivos, podendo ser necessário repetir os exames após a segunda ou terceira semana para maior precisão", explicou o Patologista Clínico.

Importante ressaltar que os laboratórios desempenham um papel crucial na disseminação de informações e na realização eficiente dos testes. Durante todo o ano, eles oferecem serviços confiáveis, mas na época do Carnaval, alguns podem disponibilizar informações específicas sobre doenças relacionadas às ISTs em seus sites. Em última análise, a conscientização, a prevenção e a testagem regular são essenciais para combater a propagação das ISTs. O conhecimento sobre o status de saúde individual permite que as pessoas ajam de maneira responsável, contribuindo para a promoção da saúde pública. Abaixo, alguns dos testes disponíveis para a população nos laboratórios:

HIV: é possível realizar dois testes, a depender da janela diagnóstica: o de biologia molecular (carga viral), vai detectar o material genético do vírus, já nas primeiras semanas após a exposição. Já os testes sorológicos (anticorpos) vão identificar os anticorpos produzidos contra o HIV, tornando-se positivos após a terceira ou quarta semana.

Hepatite B e C: Os testes sorológicos para antígenos e anticorpos identificam a presença de antígenos e anticorpos específicos para as hepatites. Já o de biologia molecular, detecta a carga viral do vírus, confirmando a infecção. 

Sífilis: o teste rápido de sífilis é um dos testes que identifica anticorpos contra a bactéria treponema pallidum, e traz um rápido resultado. Devido à complexidade do diagnóstico laboratorial desta doença, no Brasil, o Ministério da Saúde, por meio de um manual técnico, recomenda a realização de testes sequenciais para confirmar a doença e a fase em que se encontra, sendo utilizados para isso exames como o VDRL e outros testes treponêmicos como por exemplo o FTS-ABS.

Gonorreia: para esta doença, o diagnóstico se baseia na identificação da bactéria por meio de cultura ou do seu material genético, por técnicas moleculares como o PCR. 

Clamídia: o exame mais utilizado para o diagnóstico é o PCR, que detecta o material genético da bactéria Chamydia trachomatis em amostras clínicas.