Edição Nov - Dez 2024
SBPC/ML reforça importância da patologia clínica nas novas diretrizes da ABN para o Alzheimer
As novas diretrizes do Departamento Científico de Cognição da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), apresentadas durante o Congresso Brasileiro de Neurologia 2024, em Campinas, trouxeram importantes avanços. O documento oferece orientações técnicas sobre o uso de biomarcadores e terapias antiamilóide, resultado de um trabalho desenvolvido por um painel multiprofissional e multidisciplinar de especialistas, incluindo neurologistas, geriatras, radiologistas e patologistas clínicos.
A patologia clínica e a medicina laboratorial, representadas pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), têm um papel central na implementação dessas tecnologias no Brasil, especialmente no diagnóstico da doença de Alzheimer.
Gustavo Bruniera, médico patologista clínico membro da SBPC/ML, reforça a importância dos biomarcadores no diagnóstico da patologia amiloide, processo central da doença de Alzheimer:
"Os biomarcadores são fundamentais para identificar a patologia amiloide, seja por neuroimagem, como o PET amiloide, ou por exames laboratoriais em fluidos biológicos (LCR e sangue). A SBPC/ML tem se empenhado em promover exames laboratoriais importantes no diagnóstico, estadiamente e monitoramento de patologias, tanto no sistema privado quanto no SUS", ressalta.
Um destaque do documento é a discussão sobre os biomarcadores plasmáticos, como o p-tau217, que prometem viabilizar diagnósticos em larga escala no futuro. No entanto, a Diretriz da ABN ainda não recomenda seu uso clínico devido a limitações técnicas e necessidade de mais validações.
"Esses marcadores são promissores por serem menos invasivos, permitindo acompanhamento longitudinal e potencial redução de custos, mas ainda precisam ser aprimorados para garantir sua confiabilidade na prática clínica," explica Bruniera.
Outro ponto relevante abordado foi a necessidade de protocolos padronizados e avanços em plataformas automatizadas para melhorar a confiabilidade dos exames laboratoriais. Bruniera lembra que, cerca de 70% dos erros laboratoriais ocorrem na fase pré-analítica:
"Estabelecer protocolos claros para coleta, transporte e armazenamento é essencial. Na fase analítica destacam-se tecnologias automatizadas que minimizam interferentes, aumentam a produtividade e reduzem custos, ampliando o acesso aos exames no Brasil", reforça o especialista.
Além disso, a SBPC/ML tem trabalhado para viabilizar a adoção desses avanços no Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a democratização do diagnóstico e para o preparo de pacientes elegíveis para terapias inovadoras, como as antiamiloides.
"O diagnóstico preciso da patologia amiloide é fundamental para selecionar os pacientes que podem se beneficiar dessas terapias, consolidando a relevância da patologia clínica neste cenário," finaliza, acrescentando que as diretrizes da ABN e o papel da SBPC/ML nesse cenário sinalizam um futuro promissor para o diagnóstico precoce e acessível da doença de Alzheimer no Brasil.
Leia os documentos completos nos links abaixo:
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