Diagnóstico das sorologias para diferentes agentes infecciosos
Coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Fred Luciano Neves Santos, a pesquisa revelou a face das pessoas que são acometidas pela doença de Chagas no estado, em sua maioria, negras, que recebem até um salário-mínimo e com baixa escolaridade. O detalhado estudo realizado nas cidades baianas de Novo Horizonte e Tremedal foi apresentado durante a mesa “Atualização no diagnóstico das sorologias para diferentes agentes”, do 57º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (CBPC/ML), nesta terça-feira (16), no Riocentro, Rio de Janeiro.
O perfil foi traçado após a pesquisa ser realizada com mais de quatro mil pessoas nas duas únicas cidades brasileiras em que restaram focos residuais do Triatoma infestans, desde 2006, quando o Brasil recebeu um certificado de eliminação da única espécie de barbeiro que vivia dentro da casa das pessoas. A iniciativa foi criada para avaliar a implantação de um novo teste rápido para a doença de Chagas.
“Esse teste, para esse tipo de utilização, tem uma acessibilidade muito alta, porque é utilizado para rastreio. Então, seria necessário incluir mais um teste na Atenção Primária, o da Doença de Chagas. Não tem que criar a roda, a roda já existe. Tem que fazer essa roda girar com mais velocidade”, defende Fred Luciano Neves Santos, que é mestre em Patologia pela UFBA, doutor em Biociências e Biotecnologia pela Fiocruz-PE e pesquisador da Fiocruz-BA.
Com coordenação do Dr. José Mauro Peralta (RJ), doutor em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ, e pós-doc na Georgia State University and CDC, Atlanta, USA, a mesa contou ainda com a palestra “Diagnóstico Imumológico das Micoses Endêmicas no Brasil”, realizada por Rosely Maria Zabcopé Oliveira. Pesquisadora titular da Fiocruz e coordenadora do Laboratório de Referência Nacional em Micoses Sistêmicas do Ministério da Saúde, ela também lidera o grupo de pesquisa intitulado Biologia Molecular aplicada ao Diagnóstico e Epidemiologia das Micoses Humanas.
“Não adianta se enfrentar uma doença pulmonar dizendo que é tuberculose, não, pode ser doença fúngica. Tem que se fazer um diagnóstico bem rápido, principalmente, em população imunocomprometida. A gente precisa de testes que não sejam invasivos. E, importantíssimo termos um pocket. A gente só tem um teste de pocket até agora em criptococose. Foi desenvolvido um outro histoplasmose, mas para as outras micoses ainda não têm nada. É necessário que existam testes alternativos de diagnóstico”, adverte ela.
Febre Oropouche
Com a palestra “Desafios do Diagnóstico Imunológico nas Infecções pelos Vírus Dengue e Zika”, Mauro Jorge Cabral Castro, doutor em Ciências (Microbiologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de Imunologia Clínica do Departamento de Patologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), encerrou a mesa destacando os riscos da Febre do Oropouche, a doença, transmitida principalmente pelo mosquito como maruim ou mosquito-pólvora, cujos sintomas são parecidos com os provocados pela dengue.
“Os últimos números da pesquisa liberada pelo Ministério da Saúde revelam que, em 2024, foram 14 mil casos de infecção com o Oropouche, em 2025, provavelmente vai aumentar, estamos com aproximadamente 12 mil casos. A Região Sudeste é a que concentra o maior número de casos. No Espírito Santo, já são em torno de seis mil casos, e, no Rio de Janeiro, são 2,5 mil casos, com quatro óbitos por Oropouche já identificados. Então, é um vírus que, a princípio, chegou para ficar. Por isso, é importante fazer estudos com novos biomarcadores que possam identificar, não fazer o diagnóstico, mas sim, um acompanhamento ou até um prognóstico de danos daquela doença”, atesta Mauro Jorge Cabral Castro.