Publicado em: 16 setembro 2025 | 15:00h

Inteligência Artificial, automação de processos e a importância da educação continuada nos laboratórios

As principais tendências e inovações na qualidade pré-analítica da atualidade foram o tema de mesa de debates durante o 57º CBPC/ML

Os diferentes caminhos para o uso e a aplicação da inteligência artificial em laboratórios, as novas tecnologias no universo das análises clínicas, o mundo phygital no campo da medicina e metodologias de ensino eficazes para colaboradores estiveram em pauta durante o 57º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (CBPC/ML) nesta terça-feira (16), primeiro dos quatro dias de encontro no Rio de Janeiro. 

A mesa ‘Tendências e Inovações na qualidade pré-analítica’ contou com a participação de especialistas na área e apresentou um universo de possibilidades que estão sendo postas em prática e em testes no Brasil e ao redor do mundo. 

Com a palestra "A competência digital e a inteligência artificial na fase pré-analítica”, Régis Murilo Brandão Pena, coordenador de Serviços na Shift e Auditor Externo Trainee PALC, abriu o debate e lembrou que os laboratórios geram uma quantidade imensa de dados que precisam ser transformados em informação e lembrou da urgência em ampliar a literacia digital das equipes. 

“Mas como transformar isso em informação que seja aplicável aos diferentes contextos do laboratório? É preciso fornecer informações compreensíveis para o sistema computacional, mas para isso, é preciso ter noções do que eu quero que o sistema faça para mim e saber como entrar com essa informação. Então, minimamente, entender a lógica de programação. Segurança de dados também é indiscutível, além de pensar no impacto ambiental que o uso da tecnologia pode causar. Mas não podemos ser reféns da tecnologia, ela precisa ser um meio para”, defende Régis Pena, que apresentou um estudo de como a baixa competência digital pode interferir na segurança do paciente.

 

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Na sequência, Daniela Camarinha, integrante do comitê de saúde da FGV, especialista em marketing de serviços e comunicação, mestre em estratégia, conselheira do IORM e da FBAH e sócia da You Care, falou sobre “Iniciativas e soluções para o pré-analítico no mundo phygital”. 

“A gente vem investindo para melhorar cada vez mais a experiência do paciente, através da tecnologia, desde o uso whatsApp, um aplicativo, no chatbot num site. Ali, a gente enxerga um paciente digital, que já faz agendamento online, recebe os resultados pelo QRcode. Mas existe também um paciente físico, que quer atendimento humano, a orientação é presencial. O que é o phygital? São pessoas que usam tanto o físico, quanto o digital. Eles navegam em aplicativos, sites, mas valorizam o contato humano na hora da consulta”, explicou Daniela.  


Em seguida, “Tecnologias emergentes em pré-analítico” foi o tema da palestra dada por Claudia Maria Meira Dias, patologista clínica, com especialização em administração de serviços de saúde e MBA em Gestão empresarial, ambos pela FGV, e atuação nos comitês de Qualidade e de Pré e Pós analítico da SBPC/ML e do Grupo de Medicina Diagnóstica da SOBRASP. A apresentação trouxe um panorama dos processos de automação, incluindo uma tele operação, que estão sendo desenvolvidos ou já estão ocorrendo, em diferentes partes do mundo, em especial na Europa. 

“Na coleta de amostras, é uma tendência, por exemplo, o robô grande que faz a punção do paciente, baseada em luz infravermelha e que consegue ler o fluxo de sangue, ver qual a melhor veia para puncionar e melhor angulação para fazer a punção mais adequada”, contou ela, citando ainda a empresa holandesa que faz equipamentos para processos de coleta 100% automatizados. “A gente já vem vendo nos artigos para a comunidade laboratorial, o que existe, como reconhecimento positivo do paciente, de voz, facial, com outras possibilidades em que se utilizar também a íris, além de colocar a digital, que possibilita uma identificação correta que tende a substituir as tradicionais carteirinhas de identificação”, completou Claudia Dias. 


A palestra “Metodologias de sucesso para uma Educação Continuada efetiva”, de  Monica Tereza Suldofski, doutora na área de saneamento ambiental e diretora do Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE campus de Cascavel, encerrou a mesa, indicando processos efetivos para a ampliação do conhecimento no ambiente dos laboratórios.   

“A obtenção de um diploma não põe fim à necessidade de conhecimento. E o que é a educação continuada? É o processo sistemático que nós temos que ter em mente para o desenvolvimento do profissional, com foco nas habilidades, conhecimento e nas atitudes de cada profissional”, defendeu Suldofski.