Publicado em: 18 setembro 2025 | 08:30h

Metodologias de ensino, utilização de IA e urgente formação de novos profissionais de Patologia Clínica em debate

Educadores refletem sobre modelos tradicionais de ensino, pedagogias centradas no aluno e uso da tecnologia em sala de aula

A mesa “Patologia Clínica na graduação médica: A arte do saber”, do 57º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial, realizada nesta quarta-feira (17) no Riocentro, Rio de Janeiro, pôs em debate as diferentes metodologias de ensino e a necessidade de formação de novos especialistas na área. Educadores de diferentes lugares do país, escolas e gerações diversas participaram do encontro. 

Leila Antonângelo, médica especialista em Patologia Clínica pela Associação Médica Brasileira/SBPC/ML, doutora em Medicina - Departamento de Patologia- FMUSP, e professora titular da disciplina de Patologia Clínica - Departamento de Patologia – FMUSP, palestrou sobre as “Competências essenciais em Patologia Clínica que todos os alunos deveriam saber”. 

“É nossa função pensarmos numa formação integral e adequada no estudante, através de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão universitária e a assistência. É importante frisar que 70% ou mais das decisões clínicas dependem de um exame de laboratório. Cada exame tem uma constituição muito própria. Não basta ter um resultado e acreditar piamente nele, sem ver tudo o que está por trás de um exame, da qualidade dele e de sua interpretação. Com um resultado errado, você pode mudar todo o cenário do paciente. A patologia tem uma particularidade, que é conectar as ciências básicas à prática clínica”, assegurou ela. 


Silvana Maria Eloi Santos, professora Titular Departamento de Propedêutica Complementar Faculdade de Medicina UFMG, com  pós-doutorado na Fundação Oswaldo Cruz, falou sobre o tema “Afinal, há diferença na qualidade da formação entre metodologia ativa x tradicional?”. 

“Todo mundo, de uma forma ou outra, conhece o que a gente chama de metodologia tradicional, com as aulas teóricas, naquele esquema em que os alunos ficam vendo a nuca do colega da frente. Ela é ruim? Claro que não. É muito eficiente quando tenho que trabalhar com muito conteúdo e pouco tempo, mas o objetivo dela é quase que centrado na transmissão do conhecimento. Na metodologia ativa, o aluno é o protagonista do aprendizado. Então, depende muito da ação dele, de  estimular o protagonismo dele. É a aprendizagem significativa, em que o aluno faz correlações, num trabalho de colaboração, problematização, com integração entre teoria e prática, além da avaliação formativa”, definiu. 

Na sequência, Paulo Francescantonio, mestre em ciência e saúde e ambiente área de concentração autoimunidade na PUC Goiás, e acadêmico da cadeira 25 da Academia Goiana de Medicina, compartilhou sua experiência com as “Ligas Acadêmicas e o ensino extra-classe: potencialidades e desafios”. 

“Hoje em Goiânia, nós temos 12 patologistas clínicos, dos quais só dois trabalham na patologia clínica, os outros estão em outras funções, de administração, coordenação. Ou seja, a gente praticamente não tem substitutos, então, é fundamental a formação de novos profissionais”, alertou. 


Milena Teles, médica coordenadora do setor de endocrinologia do Emilio Ribas Medicina Diagnóstica, Fortaleza, Ceará, médica orientadora da pós-graduação na área de Endocrinologia – Programa de Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, apresentou toda a gama de possibilidades na palestra “Ferramentas de IA na educação médica: riscos ou oportunidades?”.  

“Se a produção deixar, gostaria de mudar o nome da palestra. Não se trata de risco ou oportunidades. É riscos e oportunidades. Se a gente deixar o aluno fazer sozinho, a gente vai ter um monte de doença fabricada por IA, vai ter um monte de IAatrogenia (risos)”, brincou ela, que apresentou inovações disponíveis para o corpo docente como trilhas de aprendizagem adaptativas, modelos para criação de conteúdo inteligente para IA, plataformas de gravação  e anotação, entre outros. 


Martín Lopez Rodriguez, médico patologista clínico, presidente da Federação Mexicana de Patologia Clínica (2022-2023),  e membro do conselho mexicano de de empresas de diagnóstico médico (COMED), deu a palestra “Educación y extensión en medicina de laboratório” (“Educação e extensão em medicina laboratorial”). 

“No México, temos cerca de 200 médicos especializados em patologia clínica. É imprescindível formarmos mais profissionais. Fizemos um curso de atualização interinstitucional em Medicina de Laboratório para levarmos até a universidade os desafios da medicina diagnóstica, envolvemos as escolas mais importantes de medicina do México, com conferências presenciais e onlines simultâneas, que contaram com a participação de representantes de vários países da América Latina, como Argentina, Peru, Colômbia, entre outros”, comentou ele, que convidou a todos e todas presentes para participar do Congresso Nacional Mexicano de Patologia Clínica, que acontecerá no próximo ano. 

 

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