Edição Jul-Ago 2024 Publicado em: 05 setembro 2024 | 15:25h

Norma PALC 2024: maior documento da qualidade laboratorial da SBPC/ML tem nova edição lançada no 56º Congresso

Idealizado no fim dos anos 1990, a norma PALC chega em 2024 à sua oitava versão. O lançamento será realizado no dia 10 de setembro, às 14 horas, no stand da SBPC/ML. Conheça detalhes da história do PALC.

Nos últimos anos da década de 1990, os programas de qualidade despontavam no país, principalmente puxados pelo Inmetro. Em paralelo, a liderança da SBPC/ML percebia a necessidade de garantir a qualidade nos laboratórios clínicos com um olhar mais específico, que atendesse às necessidades tão peculiares da área e, principalmente, que gerasse mais segurança aos resultados dos exames dos pacientes. Foi nesse contexto que surgiu o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC).

 

O atual Diretor de Relações Institucionais da SBPC/ML, Dr. Wilson Shcolnik, relembra que, inicialmente, foi criado um documento em parceria com o Inmetro: “pesquisamos normas internacionais, como do Colégio Americano de Patologia, e o resultado foi o documento  Boas Práticas para Laboratórios Clínicos (BPLC). A partir daí começou um movimento para inserir a cultura de qualidade nos setores de laboratórios, que já tinham uma situação muito especial e pioneira nesse quesito”, informa.

 

Guilherme de Oliveira

 

A idealização do PALC

 

Durante o desenvolvimento do então programa de acreditação conjunto com o Inmetro, as sociedades científicas laboratoriais foram notando algumas falhas e necessidades que não constavam, como um cuidado especial nas fases pré e pós-analítica, uma vez que o controle de qualidade do programa se referia só à fase analítica. O momento exigia um viés para o sistema da qualidade. Com o projeto para ser lançado, as lideranças da SBPC/ML também souberam que as auditorias de inspeção laboratorial seriam feitas por engenheiros do Instituto Inmetro. 

 

O Dr. Shcolnik comenta como foi encarada essa descoberta na época: “isso foi a gota d 'água para a construção de um programa próprio da Sociedade, pois as inspeções deveriam ser feitas por profissionais de laboratório, os verdadeiros conhecedores dos processos laboratoriais”. Na época no cargo de Secretário da SBPC/ML, o diretor relembra que era chegado o momento de romper a parceria com  Inmetro.

 

Dr. Wilson Shcolnik

 

A construção do PALC

 

Todo esse movimento estava acontecendo durante a gestão do então Presidente, José Carlos Lima. As lideranças da época decidiram que, para criarem o programa próprio, deveria ser realizada uma imersão no Colégio Americano de Patologia, considerado o mais sólido da área. Mas isso implicaria em uma temporada nos Estados Unidos, e quem teria essa disponibilidade?

 

O lançamento do PALC aconteceu em um oportuno momento para os laboratórios clínicos, como enfatiza Guilherme Ferreira de Oliveira, vice-presidente da SBPC/ML no biênio 2024-2025: “o programa foi pensado para a realidade brasileira e a SBPC/ML, como entidade científica, criou entre os seus pilares a cultura da educação e da qualidade para impulsionar os laboratórios nacionais. Na época, as pessoas queriam fazer bem feito, mas não sabiam o que era o bem feito. O programa chegou e jogou a luz que faltava sobre isso”, justifica.

 

Nesses 26 anos desde o lançamento do PALC, muita história aconteceu e muitas exigências foram agregadas, como reflete Oliveira: “nos anos 2000, os processos eram muito mais simples, e hoje a norma tem 17 capítulos, uma quantidade enorme de exigências. Com a evolução da norma enxergamos a evolução do laboratório”.

 

Outro feito que veio junto com o PALC foi a criação da Diretoria de Acreditação, que teve o Dr. Wilson Shcolnik como o primeiro diretor. Isso abriu as portas para novos projetos, como o Programa de Indicadores Laboratoriais, que objetiva impulsionar o desempenho dos laboratórios em um processo de melhoria contínua.

 

#Sociedade de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial #Congresso de Patologia e Medicina Laboratorial #SBPC/ML #CBPC/ML #56º CBPC/ML

 

O ex-diretor de Acreditação narra que o programa foi idealizado junto com a médica Paula Loureiro, do Laboratório Paulo Loureiro.

 

Os auditores do PALC

 

Na sequência da criação do PALC, a SBPC/ML também iniciou um movimento para formar os auditores. A Dra. Luisane Maria Falci Vieira, que já tinha um grande envolvimento com a questão da qualidade desde o início da sua atuação na Medicina, revive a época: “fiz parte da primeira turma de auditores, e o PALC foi determinante na minha carreira. Quando fiz o primeiro curso, eu já estava envolvida em implantar a qualidade no laboratório em que eu trabalhava. Um novo mundo se abriu, uma nova área de conhecimento na qual baseei minha carreira”.

 

Luisane Maria Falci Vieira

 

Vieira expõe que, na época da sua residência, os temas relacionados à qualidade dos laboratórios e segurança dos pacientes não eram tratados e a sua formação foi deficiente nessa área, mas os ensinamentos dos cursos do PALC supriram essa carência e ainda orientaram a sua jornada na medicina. A especialista permanece até hoje como auditora e já ocupou o cargo de Diretora de Acreditação do PALC, e também faz parte da Comissão de Acreditação de Laboratórios Clínicos (CALC), comissão que avalia as auditorias, bem como coordena as atualizações da norma.

 

Em outra iniciativa, a médica conta que, incentivada e inspirada pelo ex-presidente da SBPC/ML, José Carlos Basques, criaram juntos o curso pré-congresso: “O Dr. Basques realizava todos os anos um curso no Association for Diagnostics & Laboratory Medicine (ADLM, anterior AACC). Nós trouxemos o modelo desse curso para o Brasil que, desde então, acontece todos os anos”, relata.

 

Guilherme de Oliveira foi outro profissional que se dedicou à auditoria do PALC por sua afinidade com o tema: “Quando o movimento da qualidade na saúde no Brasil surgiu, por volta de 1995, eu já participava de eventos relacionados ao assunto e, em Belo Horizonte, eu era o único aluno da área”, relembra. Antes do PALC, o médico tinha se formado como auditor das normas ISO.

 

Na época, o laboratório mineiro em que Oliveira atuava, foi o oitavo a receber a certificação PALC no Brasil, uma grande conquista para um prestador de serviços do interior. Já envolvido nas ações da SBPC/ML, o atual vice-presidente decidiu se engajar na nova turma para formação de auditores externos e também entrou para a CALC. Ele ainda soma em sua trajetória da qualidade, três mandatos como diretor de Acreditação.

 

“A qualidade reflete uma responsabilidade muito grande do que o médico patologista clínico faz. O nosso trabalho é de bastidor, o cliente muitas vezes nem sabe da nossa existência, mas estamos sempre em interação com o médico dele, principalmente em casos complicados”, observa. 

 

A estatística dos exames serem responsáveis por 70% das decisões clínicas foi um dos elementos motivadores para que ele seguisse na carreira: “A partir do momento em que eu me tornei patologista clínico, a minha responsabilidade sobre a qualidade do que a gente estava entregando sempre foi uma prioridade”, pontua.

 

Se o PALC tem um grande impacto na saúde dos laboratórios clínicos, estar inserido no programa, especificamente nas auditorias, pode abrir portas. “Os jovens patologistas clínicos precisam saber que a participação deles no programa pode significar um ganho de competência. Fui pioneira no PALC e até hoje atuo como consultora. O envolvimento com o programa é um aprendizado contínuo e o desenvolvimento de competências importantes”, menciona Luisane Vieira.

 

O PALC na atualidade

 

Hoje, o PALC está presente em 2.402 pontos de atendimento espalhados por 23 estados. No ano de 2023, os laboratórios acreditados realizaram 1,03 bilhão de exames, que corresponde a aproximadamente 47% do total dos exames realizados no Brasil naquele ano.*

 

Ciente da grandiosidade e relevância do programa no cenário de diagnóstico, o ex-Presidente, Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, Diretor de Acreditação e Qualidade para o biênio 2024-2025, se tornou expert no tema por sua jornada com a SBPC/ML e também pela atuação na CALC. À frente dessa diretoria, enxerga alguns desafios primordiais para a manutenção do programa.

 

“Os laboratórios acreditados pelo PALC possuem um nível de qualidade diferenciado no mercado, e hoje a busca é defender os benefícios que isso representa, inclusive com as fontes pagadoras. A dispensação das vigilâncias pela Anvisa também é outro ponto que estamos batalhando, visto que o grau de exigência do programa é muito superior ao requerido pela vigilância sanitária”, destaca Ferreira.

 

Carlos Eduardo dos Santos Ferreira

 

Em adição, o diretor de Acreditação e Qualidade fala sobre a necessidade de aproximação com outras especialidades médicas, dada a evolução que a medicina diagnóstica vivenciou nos últimos anos: “acompanhei a automatização dos processos em todas as suas fases e a chegada das novas tecnologias, como o sequenciamento da última geração e as técnicas de espectrometria de massas, que já são realidade nos grandes laboratórios do país e que realmente trabalham com a medicina preventiva, personalizada, participatória e preditiva”, enfatiza

 

E esse olhar é fundamental para Ferreira conduzir a diretoria de acreditação gerando valor para o diagnóstico: “A complexidade é muito grande nos dias de hoje e parte dos médicos e das outras especialidades médicas não conseguem acompanhar a evolução na nossa área. A SBPC/ML está pronta para compartilhar esse conhecimento”, acrescenta.

 

A internacionalização do PALC também está nos planos. Em outubro, durante o congresso da Associação Latinoamericana de Patologia Clínica (ALAPAC), no Peru, será apresentada a versão em espanhol da norma. Segundo o vice-presidente da SBPC/ML, Guilherme Oliveira, o PALC está totalmente alinhado com o conhecimento mais moderno e as melhores práticas em nível mundial. 

 

#Sociedade de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial #Congresso de Patologia e Medicina Laboratorial #SBPC/ML #CBPC/ML #56º CBPC/ML#PALC 2024#nova norma PALC