Edição Jul-Ago 2024 Publicado em: 04 setembro 2024 | 14:00h

Temas Livres: uma das grandes atrações de todos os Congressos

Entenda como os trabalhos vencedores são selecionados e conheça melhor quem foram os médicos que hoje são homenageados com seus nomes nos prêmios

 

Assim como em todas as edições do Congresso, a sessão de Temas Livres é sempre uma das mais concorridas, este ano, foram cerca de 550 trabalhos recebidos. Os resumos classificados são apresentados na forma de poster eletrônico nos totens durante todo o congresso, no estande da SBPC/ML. E dez trabalhos foram escolhidos para apresentação oral.

 

Entre os inscritos, encontram-se profissionais variados, desde atuantes em laboratórios, alunos de graduação, mestrado e doutorado, aos colaboradores de grandes corporações que estão desenvolvendo kits diagnósticos, métodos ou processos inovadores com aplicabilidade para a patologia clínica e medicina laboratorial.

 

Qual a importância dos Temas Livres?

 

Leonardo Vasconcellos, diretor de Ensino da SBPC/ML, explica porque a sessão Temas Livres é fundamental para o congresso: “ela nos indica como nossos colegas estão atuando, seja validando produtos, seja informando um caso clínico ou uma casuística, ou fazendo comparações de métodos ou apresentando inovações clínico-laboratoriais.Esse engajamento do público, além de ser  um grande indicador das tendências na medicina diagnóstica, serve para mostrar como os congressistas, que vivem o dia a dia do laboratório, estão fazendo suas pesquisas”.

 

Leonardo Vasconcellos

 

Vasconcellos pontua que os trabalhos não necessariamente precisam trazer alta tecnologia, e as avaliações se baseiam na relevância da abordagem: “se alguma instituição, seja pública, privada ou vinculada a um laboratório, por exemplo, fez uma casuística importante de um surto, de uma doença ou de alguma correlação, e está descobrindo algum marcador novo ou preditivo, tudo isso é interessante. São as tendências da nossa área ou assuntos que podem ter relevância para a saúde pública”, ressalta.

 

 

É desejável que os Temas Livres apresentados no Congresso tenham a correlação clínico-laboratorial. Mesmo que os exames de laboratório tenham espaço destacado por sua importância para confirmar uma doença e também atuar em seu prognóstico, há um vasto campo a ser explorado na medicina laboratorial.

 

Os trabalhos enviados para Temas Livres dividem-se em duas categorias:

 

 ·         Tema Livre Tradicional: contempla as áreas de Bioquímica e Toxicologia, Diagnóstico Molecular, Educação em Patologia Clínica, Endocrinologia, Fases Pré e Pós-analítica, Genômica e Bioinformática, Gestão, Hematologia e Coagulação, Imunologia, Informática Laboratorial, Líquidos biológicos (derrames cavitários e líquor) e Urinálise, Microbiologia e Parasitologia, Qualidade, Testes Laboratoriais Remotos, e as novas Indicadores laboratoriais e Intervalos de Referência.

 

·         Tema Livre PALC: Exclusivo para profissionais que trabalham em laboratórios acreditados pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos – PALC, geralmente nas áreas de gestão e qualidade.

 

 

Como é feita a avaliação dos Temas Livres?

 

Mas será que quem vê os pôsteres expostos nos totens do congresso, imagina como é o processo seletivo desse volume de trabalhos que a SBPC/ML recebe todos os anos? Para isso, cerca de 30 revisores sob coordenação do Dr. Leonardo Vasconcellos se revezam avaliando criteriosamente cada um deles. As notas de 0 (desclassificado) a 10 qualificam e os 10 melhores trabalhos têm seus autores convidados para a apresentação oral em sessões abertas ao público.

 

Os 10 trabalhos escolhidos para a apresentação oral são avaliados por cerca de cinco colaboradores, que baseiam suas notas em 

 

·         Originalidade do tema

·         Qualidade e adequação de método

·         Relevância dos Resultados e Conclusões

·         Importância e aplicabilidade práticas

·         Clareza da exposição oral

·         Qualidade dos slides apresentados

·         Observância do tempo da apresentação

 

O diretor de Ensino comenta que, em geral, os trabalhos selecionados são excelentes. Entre os 10 escolhidos para a apresentação oral, são sete que levam os prêmios especiais, batizados com os nomes de personalidades de destaque para a medicina laboratorial, além de serem contemplados com valores em dinheiro e outros benefícios.

 

 

Para 2024, foi criado o novo prêmio “Márcio Biasoli”, destinado aos trabalhos nas áreas de Ensaios de Proficiência e Indicadores Laboratoriais. 

 

A divulgação das premiações é feita no último dia do Congresso, durante a cerimônia de encerramento. “As apresentações orais servem para, não só trazer ideias de trabalho futuro, mas também para ver colegas que talvez estão trabalhando no mesmo tema que outros. É um momento científico marcante, tradicional e histórico do nosso congresso”, define Vasconcellos. “Como diretor de Ensino, eu tive o privilégio de ser o escolhido para coordenar esse momento de Temas Livres”, acrescenta.

 

Todos os trabalhos aprovados recebem certificados e têm seus resumos publicados no suplemento científico do congresso. Além disso, para quem tem seu pôster exposto no estande da Sociedade, vale saber que é um momento muito rico e interessante para troca de ideias e conhecimento sobre novas habilidades e para fazer networking, requisitos essenciais para a prática laboratorial.

 

A participação dos congressistas é de suma importância para os Temas Livres, bem como os Temas Livres são essenciais para os visitantes do congresso, marcando tendências e destacando abordagens relevantes para a saúde pública. Participe sempre que tiver uma oportunidade e colabore para impulsionar a medicina diagnóstica cada vez mais com alta qualidade!

 

Prêmios das sessões Temas Livres perpetuam legado de importantes nomes da medicina laboratorial 

 

À frente do nome que denomina as premiações dos Temas Livres do CBPC/ML, há a história de uma pessoa carregada de entusiasmo e muita garra pela patologia clínica e diagnóstico laboratorial. 

 

A seguir, você vai conhecer algumas das histórias marcantes de médicos patologistas que se tornaram personalidades conhecidas por seus feitos na SBPC/ML e, de uma forma ou de outra, deixaram a sua marca na medicina diagnóstica do Brasil.

 

Prêmio Dr. Evaldo Melo: Melhor Tema Livre

 

Evaldo Melo

 

A visão inovadora do médico Evaldo Melo foi determinante para impulsionar a SBPC/ML no início das suas atividades. Colaborador ativo e comprometido, desempenhou um papel essencial na construção e na consolidação da Sociedade durante a sua jornada profissional. Evaldo Melo é persona reconhecida por colegas e lembrado carinhosamente pela sua parceira de vida, Marilene Melo, como querido e companheiro.

 

“Quando o médico José Pinheiro, primeiro presidente da SBPC/ML, se candidatou ao cargo, convidou Evaldo para ser seu secretário. Trabalharam tão bem juntos que, quando o Dr. Pinheiro foi eleito, o Evaldo decidiu se candidatar à presidência e teve o total apoio de Pinheiro”, conta a Dra. Marilene Melo, relembrando a história do início da trajetória de seu companheiro na Sociedade.

 

Nem a distância entre São Paulo e o Rio  de Janeiro foi um problema. Entusiasmado nato, Evaldo assumiu a presidência e iniciou suas atividades antecipando os gestos generosos que o acompanhariam por toda a vida: apoiou financeiramente a realização do primeiro congresso da SBPC/ML.

 

“No início, a SBPC/ML tinha poucos recursos, estava alojada dentro da Sociedade Médica do Rio de Janeiro e contava apenas com uma mesa, uma cadeira e uma impressora. O Evaldo doou pessoalmente uma série de espaços para a SBPC/ML, incluindo uma cozinha, onde realizavam reuniões enquanto almoçavam”, recorda a Dra. Marilene.

 

A estabilidade financeira da Sociedade sempre foi uma questão para Melo. Como recorda sua parceira, além das doações, o ex-presidente da Sociedade também enfatizou a importância de garantir que os gastos fossem menores do que a receita, sempre aumentando a reserva para garantir o futuro da fonte de recursos. 

 

Para isso, determinou normas e regras para organizar congressos e garantir lucros, e também tornou os fornecedores dos congressos, na época, as empresas de equipamentos, a principal fonte de renda da Sociedade: “Assim, a SBPC/ML começou a prosperar financeiramente".

 

Marilene também menciona o seu papel na criação do departamento de qualidade da SBPC/ML, quando estabeleceu a Controllab, que representou um avanço significativo para a SBPC/ML e para a qualidade dos exames laboratoriais no Brasil. Além disso, trabalhou para que houvesse parâmetros diferenciados para homens, mulheres e crianças, essencial para a interpretação correta dos valores de exames. 

 

A Dra. Marilene Melo, primeira mulher a presidir a Sociedade Latino-Americana de Patologia Clínica e também a mundial, compartilha a importância pessoal do parceiro em sua vida: "Evaldo foi muito importante para mim, não só como companheiro e marido, mas como alguém que me incentivou a crescer. Ele me disse uma vez: 'Você será a próxima presidente da SBPC/ML.' E assim me tornei presidente, e ainda fui reeleita".

 

O legado de Evaldo Melo, marcado por generosidade, inovação e compromisso com a qualidade, continua a inspirar e guiar a SBPC/ML, tornando o prêmio que leva seu nome uma homenagem merecida e significativa.

 

Prêmio Dr. José Carlos Basques: Qualidade

 

Dr. José Carlos Basques

 

“O mineiro de Sabará, cidade próxima a Belo Horizonte, era um médico patologista clínico entusiasta pela qualidade dos laboratórios”, segundo a definição do Dr. José Carlos Basques, pela colega de trabalho e amiga, Dra. Luisane Maria Falci Vieira. A vocação e paixão pela área o levaram a preparar kits que, juntamente com o colega Dr. Geraldo Lustosa, começaram a ser comercializados pela então, recém-fundada, Labtest.

 

Na visão da Dra. Vieira, o pioneirismo e a afinidade com a qualidade fizeram com que o Dr. Basques rodasse o Brasil dando cursos sobre qualidade aos laboratórios, ensinando sobre os seus kits e controles, antes mesmo da criação do PALC. Quando o programa da SBPC/ML foi lançado, não demorou para que ele se juntasse à CALC. Mas não foi nessa ocasião que eles se conheceram. A aproximação da médica com o médico patologista clínico aconteceu antes.

 

Após concluir a residência médica em Patologia Clínica, ela foi aprovada em um concurso para trabalhar  no Hospital dos Servidores. Na época, o Dr. José Carlos Basques já atuava no laboratório do hospital e era considerado “uma celebridade”, principalmente porque ele era o criador dos kits Lustosa e Bastos.


As questões relacionadas à qualidade e validação de métodos foram essenciais para que acontecesse uma identificação entre os dois. “Ele foi um mestre para mim, mas no decorrer da nossa trajetória, criamos uma colaboração e, dessa parceria, começamos a criar e dar cursos”, rememora a médica. O conhecimento para os cursos eram baseados nas visitas anuais ao Association for Diagnostics & Laboratory Medicine (ADLM), anterior AACC, nos Estados Unidos. Eram outros tempos, poucos conseguiam marcar presença no evento internacional.

 

Assim como o curso pré-congresso americano, Luisane Vieira e José Carlos Basques estabeleceram esse modelo no congresso anual da SBPC/ML, e o médico é sempre lembrado nos cursos. Sobre a nomeação para um dos prêmios da sessão Temas Livres, a médica celebra: “O prêmio dele é muito importante porque é exclusivo para o laboratório acreditado pelo PALC, totalmente relacionado com o assunto da qualidade, que foi um norte na carreira dele”.

 

Prêmio Dr. Caio Márcio Figueiredo Mendes: Microbiologia

 

Caio Márcio Figueiredo Mendes

 

Caio Márcio Figueiredo Mendes era um médico patologista clínico que se tornou referência em sua área de atuação: a Microbiologia. Diretor da área que englobava o Departamento de Microbiologia no Laboratório Central do Hospital das Clínicas em São Paulo, também atuava no Grupo Fleury. 


Muito engajado em suas publicações científicas, que tiveram alcance nacional e internacional, foi responsável pelo crescimento exponencial do setor de Microbiologia no HC, superando muitos dos desafios de trabalhar com a saúde pública. 


Quem conta essa história é a também Biomédica e Microbiologista que foi sua companheira durante a vida, Carmen Paz Oplustil: “Ele acabou se aposentando do HC, mas seguiu trabalhando no laboratório de investigação médica que era ligado à área de Infectologia do HC. E foi por lá que ele construiu um extenso legado na área de publicações, principalmente relacionadas à resistência bacteriana. 


Como enfatiza a microbiologista, Mendes era daqueles profissionais conhecidos e reconhecidos pela maioria: “É difícil você achar alguém da área que não o tenha conhecido, que não tenha participado de algum evento com ele, direta ou indiretamente. Escrevemos alguns livros juntos, foi um trabalho muito importante para mim e para ele. Infelizmente faleceu muito cedo”, lamenta.


A aproximação com a SBPC/ML aconteceu pela sua trajetória como médico patologista clínico, participando como palestrante em diversas edições do congresso anual e outros eventos. Sua dedicação culminou na homenagem com o prêmio que, desde 2012, leva o seu nome, e premia o melhor trabalho de Microbiologia da sessão Temas Livres. 


“Logo depois que ele faleceu, a SBPC/ML instituiu o prêmio e fui convidada para entregar ao vencedor. Eu acho a iniciativa muito interessante, porque é uma forma de perpetuar o trabalho dele na área durante todos esses anos”, comenta Oplustil. Aprendi muita coisa com ele no início da minha carreira no Hospital das Clínicas e, claro, no decorrer dos anos sempre fui influenciada e sei da importância do seu trabalho para a área científica”, relata a colega de trabalho e ex-companheira. 

 

Prêmio Dr. Luiz Gastão Mange Rosenfeld: Hematologia e Coagulação

 

Luiz Gastão Mange Rosenfeld

 

Resgatar a memória de profissionais tão destacados na Patologia Clínica é um caminho para a compreensão de fatos que mudaram o rumo da saúde. O médico Luiz Gastão Mange Rosenfeld é uma dessas personalidades. Hematologista e patologista clínico, falecido em 2018 aos 74 anos, sua história na Medicina começou cedo: “Aos oito anos já frequentava o ambiente médico junto com o seu pai, Gastão Rosenfeld, outra personalidade nos laboratórios clínicos”,  conta sua ex-companheira de vida, a médica Nydia Bacal.


A influência do pai começou cedo, já na área relacionada ao sangue, pois Gastão Rosenfeld trabalhava com coagulação no Instituto Butantan, e foi lá que começou a se familiarizar com células nos microscópios, entendendo como se fazia um teste de diagnóstico.


Com o passar dos anos, foi justamente esse contato inicial que acabou orientando a sua trajetória profissional. A destacada carreira ligada ao laboratório clínico foi marcada por muitas conquistas e iniciativas inovadoras. A médica Nydia Bacal relembra algumas delas: “Abriu a primeira fábrica de reagentes nacional; e como chefe do laboratório clínico no Hospital Dante Pazzanese desenvolveu a área de coagulação”.


A tecnologia também foi muito motivadora para o Dr. Rosenfeld. No Hospital Israelita Albert Einstein, por onde atuou por 27 anos, foi um grande incentivador da automação, desde o início dos processos dentro dos laboratórios. Colocou em funcionamento o primeiro contador automático de células no Brasil, trouxe inovações como a automação para a contagem de plaquetas, processos bioquímicos com análise seca, transporte automático de amostras, entre outros.


Bacal, que também é uma reconhecida hematologista, lembra que os sistemas da qualidade não ficaram de fora da jornada de seu companheiro. Ele visualizava que os exames não eram só fatos isolados, faziam parte de um sistema que deveria ser controlado, desde a fase pré-analítica, analítica à pós-analítica: “Ele criou indicadores, conceitos que foram trazidos para o laboratório vindos da indústria, e isso melhorou muito a qualidade dos processos dentro do laboratório”, comenta. 


Em meados de 1997, foi o líder para conseguir a certificação ISO 9000 para o Hospital Albert Einstein, na área de serviço em laboratório clínico, pelo The British Standards Institute (BSI Group): “Foi um marco para os laboratórios, que na época não tinham essa visão. Isso acabou se estendendo para todo o hospital, para o banco de sangue. Como não esquecer da primeira auditoria do BSI, que movimentou todo o laboratório, todo o hospital?”, revive a médica. 


São inúmeras as realizações de Luiz Gastão Mange Rosenfeld relacionadas à medicina, como as conquistas promovidas junto ao Conselho Regional de Medicina, onde promoveu uma revolução na área de recursos humanos, implantando planos de carreira; ou fundando o Centro de Hematologia de São Paulo. 


Nydia Bacal ainda destaca um trabalho realizado quase no fim da vida do Dr. Rosenfeld, que foi o Programa Nacional de Saúde, desenvolvido para o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o hospital Sírio Libanês e importantes universidades nacionais. Um levantamento inédito de amostragem em nível nacional, revelou os intervalos de referência de diversos exames laboratoriais realizados com mais frequência no Brasil. 


“A entrega do prêmio do doutor Luiz Gastão Mange Rosenfeld é um exemplo de ética, de dedicação, de altruísmo, pensando no bem comum, na medicina laboratorial do Brasil, no desenvolvimento. Acho um estímulo para inovação, para quem é empreendedor”, encerra Nydia.

 

Prêmio Dr. Paulo Guilherme Cardoso Campana: Bioquímica

 

Paulo Guilherme Cardoso Campana

 

A Patologia Clínica é parte da família Campana e está na terceira geração. Paulo Guilherme Cardoso Campana, filho do médico patologista clínico, Felipe Campana, é também pai do Gustavo Campana, que segue sua jornada também na patologia clínica. Dentro desse cenário, a atuação da família no universo do diagnóstico laboratorial foi certeira. Paulo Campana foi um grande empreendedor na área e um profundo conhecedor de pessoas.


Quando se formou pela Faculdade Ciências Médicas de Santos, em 1977, Paulo  Campana logo se instalou na capital paulista para fazer a residência médica em patologia clínica. Munido da vivência familiar e identificação com a área, fundou o laboratório Centro de Patologia Clínica Campana, que se tornou um dos maiores de São Paulo.


O patologista clínico foi responsável pela gestão de seu laboratório até 2005, quando foi vendido para o Grupo Fleury. Durante os anos que se manteve à frente do seu negócio, Paulo Campana sempre acompanhou de perto o dia a dia do laboratório. 


Seu entusiasmo era ficar dentro do laboratório, conversando todos os dias com médicos e pacientes. Mesmo se dedicando muito à área técnica, ele humanizava o ambiente, estava sempre se relacionando com as pessoas, como lembra o filho  Gustavo Campana, que ainda brinca: “Era um patologista clínico raiz”. Nessa troca, adquiria cada vez mais conhecimento. 


Logo, a aproximação com a SBPC/ML foi um caminho natural e o Campana permaneceu durante toda a sua carreira muito ligado à Sociedade. “Esse prêmio significa um reconhecimento do que ele fez para o mercado e para os envolvidos com a patologia clínica, de tudo o que ele fez para essa especialidade médica”, diz.


Paulo Campana permaneceu ativo atuando como consultor em laboratórios. Faleceu em 2017 e no ano seguinte a SBPC/ML criou o prêmio em sua homenagem. Sua ligação com a SBPC/ML foi continuada por Gustavo Campana, que ocupou por muitos anos, cargos na Diretoria Executiva.

 

Prêmio Dr. João Nilson Zunino: Diagnóstico Molecular, Genômica/Bioinformática, Toxicologia, Imunologia e Líquidos Biológicos

 

João Nilson Zunino

 

João Nilson Zunino foi um sujeito de pura paixão, como descreve o colega de profissão e amigo, o médico patologista clínico, Armando Fonseca. O Dr. Zunino, fundador do catarinense Laboratório Santa Luzia, era professor universitário, médico popular em Florianópolis e ainda um entusiasta do futebol. E essa empolgação pelo esporte o levou à presidência do time de Florianópolis, Avaí Futebol Clube.


“Foi a sua paixão pelo futebol que fez o Avaí subir pela primeira e única vez para a primeira divisão”, diverte-se Fonseca, que atribui essa conquista pela obstinação característica por todos os desafios que surgiam em seu caminho. E para o colega e amigo, restam muitos elogios: “muito amável, muito simpático, um anfitrião de primeira e extremamente dedicado à patologia clínica e às pessoas. São essas as palavras que eu tenho do amigo Zunino”.

 

Fonseca conta que os dois se conheceram quando ele ainda era muito jovem e o Dr. Zunino passou pelo laboratório em que ele trabalhava na época e o convidou para fazer parte da SBPC/ML: “houve uma afinidade instantânea entre a gente. E eu me aproximei da sociedade graças ao Zunino. Depois de todos esses anos, com ele sempre me apoiando em várias iniciativas, fui organizador dos Congressos por 22 anos, presidindo por duas vezes”, detalha.


João Nilson Zunino presidiu a sociedade por dois mandatos, com uma  atuação “muito virtuosa”, como destaca o médico e amigo, Armando Fonseca: “Sem dúvidas, para mim foi uma pessoa e um profissional irretocável. E o prêmio, nada mais do que justo! É a maneira de todos lembrarem a figura do Zunino”.

 

Prêmio Dr. Marcio Mendes Biasoli: Ensaios de Proficiência e Indicadores Laboratoriais 

 

Dr. Marcio Mendes Biasoli:

 

O mais recente prêmio criado para a sessão Temas Livres, o Prêmio Marcio Mendes Biasoli celebra a trajetória e o legado de um profissional que dedicou sua vida a promover a confiabilidade nos processos de controle da qualidade laboratorial. Conhecido carinhosamente como "Seu Marcio" pelos colaboradores e, como “Professor Biasoli”, pelo público do segmento, Marcio Mendes Biasoli presidiu por mais de 44 anos a Controllab, empresa referência em controle da qualidade na América Latina. Sua atuação foi fundamental para promover diagnósticos corretos e o acompanhamento adequado da saúde.


Marcio Biasoli era um cientista, pesquisador e professor, além de estudioso da língua tupi-guarani, que sempre acreditou na educação e na ciência, acima de tudo. “O prêmio que leva seu nome vai além dos Ensaios de Proficiência, Indicadores Laboratoriais, Controle Interno ou qualquer outra ferramenta de controle da qualidade. Ele representa ética, humanidade, inovação, ensino e pioneirismo”, destaca seu filho, Vinicius Biasoli, CEO da Controllab.


Além de sua contribuição técnica, Marcio Biasoli era admirado por seus projetos sociais e pelo incentivo ao desenvolvimento educacional e profissional de jovens e adultos. Em sua trajetória, liderou o projeto social L’Avenir, oferecendo aulas de reforço escolar, além de cursos de percussão e coral, entre outras atividades para cerca de 200 crianças de comunidades próximas à Controllab. E nessa trajetória ainda pôde ainda se dedicar à literatura, com uma série de livros infantis publicados.


O Prêmio Dr. Marcio Mendes Biasoli é o legado de um profissional defensor da diversidade, curioso e sempre à frente do seu tempo. “Em tempos corridos e desafiadores, ter um prêmio que personifica os princípios do Marcio Biasoli é um reconhecimento profundo e inspirador para os vencedores, incentivando-os a continuar promovendo excelência e humanidade em suas práticas”, afirma Vinicius Biasoli.


Os premiados recebem entre R$ 1000 e R$ 1500 reais e inscrição gratuita para o próximo Congresso da SBPC/ML.