Edição Jul-Ago 2024
Setembro Vermelho chamou atenção para a prevenção de doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no Brasil, com cerca de 400 mil óbitos anuais. Outro dado, do Ministério da Saúde, alerta que, a cada 5 a 7 casos de infarto no país, um resulta em óbito, sendo muitos deles silenciosos ou com sintomas discretos, como dor no peito e formigamento no braço esquerdo.
O Setembro Vermelho buscou conscientizar a população sobre os riscos dessas doenças e a importância da prevenção. E a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), reforça a importância de conhecer e utilizar o exame de troponina I, um dos métodos mais eficazes para diagnosticar o infarto e que sendo medido no intervalo de algumas horas após o início das dores no peito, pode indicar com precisão se houve um infarto e evitar outros exames mais custosos ao sistema de saúde, como o cateterismo.
A médica patologista clínica e diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Annelise Wengerkievicz, destaca que identificar fatores de risco e realizar exames preventivos são passos fundamentais para evitar complicações graves. Ela ressalta que "hábitos simples, como a prática regular de atividade física, uma alimentação saudável e o acompanhamento médico regular, são medidas eficazes para reduzir os riscos".
Entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares estão a hipertensão, o diabetes, o tabagismo, o colesterol elevado, a obesidade, o sedentarismo e a história familiar de problemas cardíacos. A médica sublinha que, ao controlar esses fatores, é possível evitar ou retardar o desenvolvimento dessas condições silenciosas.
"Para muitas pessoas, parar de fumar, controlar o diabetes e o colesterol, além de adotar um estilo de vida mais ativo, pode fazer toda a diferença na saúde do coração", ressaltou a especialista da SBPC/ML.
Além da prevenção, Wengerkievicz reforça a importância do diagnóstico precoce em casos de doenças cardiovasculares já estabelecidas. Um dos exames mais utilizados nesse contexto é o teste de troponina, uma proteína presente nos músculos cardíacos, que é essencial no diagnóstico de infarto do miocárdio. Segundo a médica, a medição dos níveis de troponina no sangue, quando abaixo de 5 microgramas/ml, permite excluir o infarto com segurança, agilizando o atendimento e direcionando o tratamento de forma mais eficiente.
O exame de troponina tem desempenhado um papel crucial no diagnóstico rápido de infarto, especialmente em protocolos hospitalares de dor torácica. A novidade, apresentada no 56º Congresso Brasileiro da SBPC/ML neste mês, é que o uso de inteligência artificial (IA) está possibilitando maior eficácia no valor preditivo positivo, ou seja, indicativa de infarto.
Um estudo mais recente, de março de 2023, envolveu cerca de 10 mil pacientes, priorizando a dosagem de troponina. O valor preditivo positivo foi de 99.6%. A ferramenta de inteligência artificial exige que se digite informações sobre o sexo, doença cardíaca prévia, características primárias da dor, características clínicas, batimento cardíaco pressão arterial e alguns testes de laboratório, como taxa de filtração glomerular, concentração de hemoglobina e os intervalos entre as dosagens de troponina. Com a inserção dessas informações, a ferramenta gera o valor preditivo positivo.
Desde 2018, a utilização de ferramentas de machine learning no diagnóstico de infarto foi apresentada a partir de um estudo publicado no Jornal da Sociedade Europeia de Cardiologia. Diversos hospitais brasileiros fizeram parte do estudo, cada um com um protocolo diferente. Foram coletadas amostras 0 e 1h para avaliar a segurança e o valor preditivo positivo, ou seja, se o paciente tem chances de não ter infarto. O valor foi 100%, ou seja, inferior a 5pg/mL oferece resultado seguro à condução do tratamento do paciente.
O Ministério da Saúde estima que, no Brasil, a cada 5 a 7 casos de infarto, um óbito ocorra. Em alguns casos, ele pode não apresentar sintomas muito claros e ser silencioso, mas, geralmente, essa lesão é caracterizada por uma dor intensa na região do peito e formigamento no braço esquerdo. Para diagnosticá-lo, a medição do índice da proteína troponina I no sangue tem sido o exame mais recomendado.
No 56º Congresso de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (CBPC/ML) da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, médico patologista clínico e gerente médico do Laboratório Clínico do Hospital Albert Einstein-Medicina Diagnóstica, abordou o tema no workshop “Quidel Orthi - Laboratório para o Departamento de Emergência: Diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia para um teste POC de Troponina de Alta Sensibilidade”.
De acordo com o médico, em situações de dor no peito, realizar o teste de troponina pode evitar a necessidade de outros exames, tornando o processo mais eficiente e menos oneroso. “ O ensaio de troponina pode ter diversas aplicações como síndrome coronariana aguda - infarto do miocárdio; prognósticas em outras patologias cardíacas, em pós-operatório e sepse; toxicidade por drogas; e coronariopatas crônicos.
No diagnóstico do infarto, ela é um elemento crucial. Caso tenha entrado no protocolo de dor torácica, é necessário seguir de acordo com o recomendado. Os valores utilizados e a interpretação dos resultados devem ser baseados e definidos no protocolo de dor torácica do hospital.
“A troponina é uma ferramenta valiosa no diagnóstico de infarto. Quando os níveis dessa proteína estão abaixo de 5 microgramas/ml, o diagnóstico de infarto pode ser excluído com segurança”, destaca o especialista da SBPC/ML. Essa ferramenta permite uma abordagem mais precisa, reduzindo a necessidade de exames adicionais e contribuindo para a segurança do paciente", explicou.
Wengerkievicz reforça que a prevenção e o acompanhamento médico são essenciais para proteger o coração.
"É importante estar atento aos fatores de risco e buscar controlá-los, e aos primeiros sinais de dor torácica, testes bem indicados como o teste de troponina, são medidas que podem salvar vidas", finalizou.
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